Usina de Letras
Usina de Letras
25 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 


Artigos ( 63256 )
Cartas ( 21350)
Contos (13302)
Cordel (10360)
Crônicas (22579)
Discursos (3249)
Ensaios - (10688)
Erótico (13593)
Frases (51774)
Humor (20180)
Infantil (5606)
Infanto Juvenil (4953)
Letras de Música (5465)
Peça de Teatro (1387)
Poesias (141315)
Redação (3357)
Roteiro de Filme ou Novela (1065)
Teses / Monologos (2442)
Textos Jurídicos (1966)
Textos Religiosos/Sermões (6357)

 

LEGENDAS
( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )
( ! )- Texto com Comentários

 

Nossa Proposta
Nota Legal
Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cronicas-->SÚPLICA DA ÁRVORE -- 02/02/2006 - 23:54 (JOSÉ EURÍPEDES DE OLIVEIRA RAMOS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
SÚPLICA DA ÁRVORE

Enquanto espero a primeira luz da manhã que traz a abelha que zune e zanza à volta das flores em beijos macios de mel; na quietude da noite, sob o peneirar da chuva leve e o rumor da brisa mansa que me acaricia, ponho-me a meditar sobre a vida que vivo e vivi, como nasci e sobrevivi.

Ainda sinto a primeira brisa soprando minhas frágeis e tímidas folhas; a primeira névoa da noite a colorir-me os sonhos; a primeira garoa da noite a acalmar-me o primeiro calor; o primeiro raio de sol a cobrir o frio da madrugada com sua mornidade preguiçosa. Pequena e indefesa semente em solo úmido caída, fixei-me com esforço e sacrifício; espalhei delicadas raízes que penetraram na terra generosa e, a pouco e pouco, foram se firmando. Abri caminho com dificuldades, mas, com determinação, trancei profundamente minhas raízes; cresci e elevei o tronco às alturas, espalmando os galhos como braços estendidos a buscar no céu algo a que acenava e era maior do que o existir somente. Enfrentei aguaceiros e ventos tempestuosos; sofri o frio repetido em anos e anos de invernos intermináveis e o esturricar dos verões sem fim. Fortaleci-me na luta com os elementos desfavoráveis até que, hoje, enfim, floresço todos os anos e ofereço os meus frutos aos que por aqui passam e alimento às aves que me visitam. Dedico minha sombra aos que buscam repouso e se recuperam das jornadas; dou proteção aos pássaros que fogem dos predadores, esses mesmos pássaros que em minha copa vêm nidificar.
E me sinto realizada, quando recebo dos céus a chuva que abençoa, refrigera minha folhagem, escorre pelos meus galhos nodosos e pelo tronco, apoio firme e certo de toda a minha vida que é, afinal, criação e abrigo de vidas, como vidas são, também, as que me cercam e iluminam.
O que dói, no entanto, o que machuca, o que humilha, é o descaso, o desrespeito do homem à criação, às belezas da Natureza, ao mistério em que estamos envolvidos. O que fere profundamente são tantas e tão desrespeitosas agressões do homem. Do homem, do homem, sim, que é e sempre foi o mais beneficiado dos favores da Natureza.
E aqui, fincada na terra, impossibilitada de fugir das agressões, humilde, indefesa, cumprindo o meu destino, a servir aos que me procuram, pronta para o serviço de todas as criaturas, sem nada exigir em retribuição, suplico a você, homem que por aqui passa, humildemente suplico: --vá fazer xixi pra lá, meu !

José Eurípedes de Oliveira Ramos
Da Academia Francana de Letras
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui