Semana passada fui ao cinema. Fazia já algum tempo que não ia. Foi ótimo. Assisti ao documentário sobre a vida de Vinícius de Moraes. O filme é muito bom. Há mais ou menos um ano - já faz tudo isto? - li o livro com as cartas dele para diversas pessoas. O filme completou o livro, mas penso que as cartas mostraram melhor o seu jeito particular de ser. Me explico. Nas cartas ele estava inteiro, só, sem produção. Lá aparecia um Vinícius sempre enrolado com mulheres e com dinheiro. Com as primeiras, como se sabe, grande sucesso. Já com o segundo, sempre fonte de problemas. Suas preocupações com o Itamaraty.
Mas bem, o filme vai contando seus casamentos - eu sabia serem muitos, mas não tantos - e conquistas, cheio de depoimentos e muitas músicas com os diferentes parceiros que colecionou ao longo do tempo.
Curioso. Nesta questão das mulheres, tudo indica que Vinícius não era propriamente um galinha. . Ele namorava as moças, casava. Não que não tivesse aventuras rápidas, mas este não é um traço marcante ou pelo menos não aparece claramente em qualquer das obras.
Sinto contar o final, mas ele morre. Logo ele, o mocinho. Na verdade todos sabem. Não houvesse morrido estaria ali junto com Oscar Niemayer a falar de tantas coisas que viram e fizeram.
Tanto o livro como o documentário mostram que Vinícius de Moraes era sobretudo uma pessoa real. Isto nos permite talvez inferir que os demais artistas também sejam - pelo menos os bons. Difícil imaginar isto nestes tempos de "pop stars" com exigências de toalhas, seguranças, jatinhos. É, melhor não generalizar.
Reais a que me refiro pela necessidade de dinheiro, pelos amores, pelos problemas do dia a dia. Tem pai, mãe, irmãs, questões de família. Tinha cunhados, mas não são mencionados nem no documentário, nem no livro. Estranho, toda família tem um cunhado mais saliente ou problemático.
Não quero antecipar os depoimentos, mas vale pensar sobre o comentário de Chico Buarque, que diz que se Vinícius ainda vivo fosse, seria uma pessoa deslocada.
Como já contei que o mocinho morre no final, fica a dica de que o final mesmo é imperdível. Não conto, preservando quem ainda queira ver o filme, o que recomendo. Mas se alguém quiser saber, escreva que eu conto em uma mensagem isolada.