Eu quis escrever uma crónica sobre o recente extermínio de árvores, ocorrido aqui na Quadra onde moro, mas, não sei por qual razão, a crónica que eu queria tomou um rumo diverso, dominou a minha mente para transformar-se em versos. Esses versos meio doidos, que só eu posso entender, mesmo assim vou publicar, sérá que alguém vai ler? Os Guapuruvus são árvores muito interessantes, cuja estética assemelha-se a chifres do alces. Particularmente, eu as acho lindas e muito amigas das aves. Mas, vamos aos versos.
307 Norte foi o lugar em que nascemos e junto com as crianças todas nós fomos crescendo.
Um dia, em suas lembranças, essas crianças dirão que nos viu morrendo.
Éramos somente árvores, discretas, imponentes, que viamos pelas vidraças, a vida de muita gente.
Mas nunca contamos nada daquilo que agente via, porque o nosso dever
Era dar sombra e alegria. Reparem quando passarem vejam a nossa beleza,
Nossos galhos, nossas flores, que compunham a natureza,
A natureza da Quadra que um dia aqui se formou,
Trazendo o cantar dos pássaros que hoje silenciou.
Agora quando os senhores olham de suas janelas
Não sentem a nossa falta? Nem das flores amarelas?
Teve quem justificasse, sem muita convicção,
Que as nossas lindas raízes não se firmavam no chão.
Por isso alguém decretou que devíamos morrer
E homens com serras elétricas, vieram nos abater.