FHC tem cinco dedos em cada mão, afinal ele também é gente! O complicado é que ele vem dizendo nestes longos anos que seu governo tem cinco dedos. Como aqui no Brasil a gente só usa aquele que aponta, fica complicado entender o que está em primeiro lugar nos cinco dedos do governo?
Tentei descobrir e, heureca, acho que consegui!
Até agora, parece que o primeiro-primeiro lugar pertence ao indicador de riqueza: da riqueza dos outros, é claro - deles. Com ele a elite nos aponta o dedo como aos cachorros. Tomara que nasça uma verruga na ponta do dedo deles.
Em segundo-primeiro lugar está o medi(o)ador entre nós, o povo, e a elite. Não gosto muito de apontar este dedo. A mamãe dizia que é feio, mas, quando o Bresser nos disse que a famosa reforma administrativa era boa porque um professor da UnB descobriu que seus aprovadores eram a elite e os alto-funcionários públicos, fiquei cabreira. Desconfio que nos deram um dedo médio, sem nenhum pudor, pois não?
O terceiro-primeiro lugar deve ser do anelar o sumiço da oposição. Democracia exige o conviver-aceitar as diferenças e há tanta coisa para controlar no governo, que não sobra tempo para ficar ouvindo as massas. Afinal, não queremos todos o desenvolvimento do país? Oposição, para quê? Democracia dá mesmo muito trabalho!
O quarto-primeiro lugar deve corresponder ao mínimo: o mínimo salário possível para ninguém acusar tão ilustre presidente de usar o seu povo como escravo. FHC fica bastante tranquilo quanto a este dedo, porque ninguém recebe salário mínimo, nem as empregadas dele. É só um artifício para não onerar a previdência. Os aposentados sempre têm filhos para completar as despesas, não é? E quem não tem filhos, pode voltar a trabalhar. A previdência é generosa e faz vista grossa para isto.
E, por último, o quinto-primeiro lugar foi reservado ao pequeno polegar, tão pequeno quanto o ideal de democracia do seu dono. Só serve mesmo como chupeta para espantar a solidão da noite. Ou, quem sabe, para esmagar quem insiste em sugar a paciência do presidente.
Eis resolvido o mistério dos cinco dedos. Tão simples e tão complexo, porque cabeça de sociólogo-presidente é coisa muito difícil de entender, ainda mais para um bando de caipiras sem terra que nem nós, né mermo?