Em determinado momento da minha formação, esgotado
pelo pessimismo de alguns filósofos alemães e pelo
próprio vazio que o racionalismo destituido de moralidade e profundidade leva,
impus-me um dever,um desafio. Se existisse um Deus, eu iria descobri
-lo.
Comecei a trajetória espiritual pelas ordens de iniciação
; numa delas, entrei em contato com minha paz e interioridade
...Em muitos anos, não sentia tanto conforto espiritual
. "Então era isso", eu que achava-me intelectualmente
brilhante, era ignorante... Sequer conhecia minha
alma.
Depois dessa primeira experiência em que entrei em
contato, depois de muitos anos, com uma revelação de
força maior, comecei interessar-me por um personagem
muito famoso, o qual embora mantivesse
certo respeito, não me era mais importante que um
Voltaire, por exemplo. Tratava-se de Jesus Cristo.
Comecei a leitura dos evangelhos e fiz a descoberta
da vida, mas era preciso, para que o homem voltasse
a ser viável, transformar-se em algo mais puro do
que o equivoco falante que costuma ser. E´necessário
que se converta, que se corrija. Que viva para dentro
de si, não para glórias externas na vaidosa e
passageira vida terrestre.
Quando ele se transforma, então ele encontra o
Deus.
Nessa conversão, muda-se o foco e as prioridades da vida
, uma vez que o homem reconhece que há um criador
com mandamentos éticos que ele deve seguir. Isso o torna
mais responsável e menos vaidoso, mais caridoso e
menos competitivo. Jesus tenta livrar o homem de si
mesmo.
Despertar a vida interior e´o objetivo da vida.
Sim. Minha busca foi exitosa. Descobri, até certo
ponto, um Deus. So´que ele era manso, solidário,
miraculoso, celestial.
Ao ver a terra sobre a perspectiva dele, a do exílio,
torno-me um fragmento melancólico desse judeu renegado
por não cumprir formalidades, esse judeu a quem nós
, homens, pregamos na cruz todos os dias, com
meticulosa crueldade.
Marcelino Rodriguez, escritor hispano-brasileiro, autor de "O Obervador de Pardais" 1996, "O Espião de Jesus Cristo" 1999, "Juvenília" 2000, "Café´Brasil" 2001, "A Ilha" 2001, "Boneco de Deus" 2002, "Mar, Romàntico Mar" 2002, prêmio Pérgula Literária Internacional e Ação Cultural.
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