O telefone tocou, eu já sabia quem era. Dei uma de adivinho, pegando o aparelho.
- Alicia?
E´que havia pedido que a amiga virtual me ligasse. Como pouco ou nada tenho sido solicitado, a probabilidade que fosse ela era de quase cem por cento.
E´que andei entrando numa tristeza crescente pelos vários tipos de exílio que passa um interletual relativamente pobre nos tempos de hoje. Digo relativamente porque a pobreza e´obra alheia dos homens, não de Deus.
Tenho sonhos. Projetos. Coragem.
Estão na prateleira, certo. Desacreditado e solitários, meus sonhos.
Não por mim. Gosto deles, ainda que sonhe sozinho.
Discorremos no telefone sobre o atual estado do mu
ndo. Pude falar, coisa que gosto. Sim, peciso de ateñçao. Sorri um pouco.
Alicia tem graça e e conversa. Temos pontos convergentes. Rimos juntos
do mundo mediocre.
Ela fala-me numa linguagem jovial e levei que barraqueira era
quem vende coisas em barraca. Não, barraqueira e´quem
arma arruaça. Fiz uma volta mental e entendi.
Primeiramente prometi não propor nada mais que um bate papo. Pelas
circuntàncias, ando esquivo.
Falamos sobre casamento, crenças, filosofias, frio. Eu ainda tenho dificuldade
percebo, de falar palavróes completamente diante de uma
mulher. Falo so´a primeira letra. O resto entala.
Alicia tem mai criatividade nisso. Uma tia ensinou-lhe, conta-me com vivacidade.
Por vezes percebo que ainda com toda tristeza, por sob todas as feridas
e veias abertas além da perplexidade, aina há sonhos em mim remexendo nu fundo.
Sim, preciso santificar esse sonhos e, se preciso for, morrer mártir deles.
Morrer na vertical - esse será meu lema, nesse mundo que peca
pela pequenez.
E conversando com Alicia percebi: os sonhos, timidamente, estão lá
como se fossem jóias de ouro em um baurzinho de veludo.
Obrigado, Alicia, volte sempre que quiser.
Eu continuo, florescendo nos subterràneos.