O pecado não morreu, jamais deixou de existir. Todos estamos de acordo que ele é execrável. Talvez seja por isso, que poucos se incomodem tenha o pecado deixado de ser assunto em nosso cotidiano. Reparamos que se fala, se escreve e se projeta, em nossos meios de comunicação, os mais diversificados temas, sobretudo escabrosos, porém se omite empregar a palavra pecado. Parece que foi banida, e mesmo em pregações ou manifestações religiosas , dificilmente aparece a tenebrosa palavra. Por quê será ?
Tenho para mim, que os motivos são diversos . Neste final de século XX, com a progressiva e tolerante liberalização dos costumes, entendeu-se de bom alvitre, por exemplo, não se considerar pecado todos os avanços da moda e dos modismos. Para o católico, então, que precisa confessar os seus pecados para receber a santa comunhão ( salvo se entender que tem apenas pecados leves ou veniais- perdoáveis por simples ato de contrição), a recomendação de ler a Bíblia com assiduidade parece que o afroxou pois, nesses novos hábitos, aproximou-o muito do protestantismo, que ignora a confissão. Desta forma, como demais tolerantes somos para conosco, os pecados que eventualmente cometemos, passam a não ser considerados pecados e, com o tempo, simplesmente deixam de existir.
Tais costumes se espalharam bastante e assim, o pecado se camuflou, aparentemente desapareceu. Nos tempos atuais, a grande maioria ,por exemplo, não considera pecado, a semi-nudez de algumas modas, as exibições dos rebolados das tevês (Faustão, Gugu com sua banheira et caterva), as novelas de enredos eróticos e imorais, programas de auditórios pornográficos em seu conteúdo etc. A desonestidade, a infidelidade, todas as falcatruas e crimes - inclusive os homicídios - parece, também, não serem mais considerados como pecados, embora possam estar submetidos à Justiça dos homens. Do pecado mortal, aquele que leva a alma diretamente para o inferno, então, nem se cogita mesmo, tampouco da própria moradia dos demónios.
Afinal, o pecado existe ou não existe ? Poderá nos levar para a condenação eterna ? Os protestantes, hoje evangélicos, descobriram uma saída espetacular para se verem livres do pecado. Afirmam que Jesus Cristo com sua morte redimiu a todos e exterminou o pecado. Portanto, ninguém precisa se preocupar com o tal de pecado que já foi vencido, morto e sepultado. Na verdade, não é bem assim. Jesus nos libertou da condenação em face do pecado original, porém , quanto aos demais pecados temos de evitá-los para não serem responsáveis pelo nosso indesejável castigo final. Não será o tempo de nós, católicos, voltarmos a discorrer e refletir mais sobre o assunto ? O mundo não anda tão mal, a violência não é assustadora ? Não será porque nele predomina o pecado?