Vestida de nobre, passeio na noite.
Divago. Encanto-me. Choro. Rio. Permito-me a essência de mim mesma.
Dispenso as máscaras onde disfarço aquilo que quero ser.
Revisto de verdade a minha palidez noturna e corro atrás do vento.
Livre para viajar ao melhor lugar.
Vicejam em mim outros sentires que devagar vão aquecendo minha superfície num leve torpor febril.
Sentires que em conjunção abraçam meus cinco sentidos.
Na boca denúncia de vinho tinto, seco, de boa safra.
No peito cor escarlate de dor e de vida.
No ar cheiro de oliva, manjericão, jasmim ou coisa assim.
Nas mãos o sentir de pele imantada de outra mão estendida.
No horizonte só arco-íris, por do sol, lua cheia, mar em dia de sol, e a íris do olho, alegre saltita dentro do globo ocular.
No ouvido a cor-de-rosa do canto de amor.
Cancioneiros chegam com violinos e revivem Schubert na serenata Celestial.
Nos passos Valsa das Flores.
No ar Ave Maria num compasso de universo ultraleve.
Vestida de nobre, tudo vai ficando sutil, singelo, e envolvente num último abraço de definitivo encontro.