Outro dia tocou de eu discutir com alguém, com certa propriedade no assunto, a tal da literatura. Não me lembro com certeza como entramos no assunto e meus neurónios soçobram quando ouso lembrar o dia ou a circunstància mais específica em que ele surgiu, e olhe que essa não é, digamos, uma pauta que comumente eu discuta fora do computador, já que prefiro ocupar meu tempo livre com coisas mais fúteis e divertidas do que "cabeciçes".
- Há um quê de blasé , uma aura intelectual inerente à s pessoas que fazem coisas que o cidadão médio não faria, me fala o tal como exímio conhecedor do assunto.
Para argumentar, ele cita dois exemplos banais.
1. Artistas estão sempre nos meios de comunicação dando opiniões sérias e fundadas sobre todo e qualquer assunto. Ah, e com credibilidade.
2. Muitos artistas são incapazes de se adaptar ao convívio social sob as normas vigentes, pois estão a frente do tempo e da época em que vivem.
De fato, eu disse na hora, e enquanto trabalhava, horas depois. Dei um tempo, fui ler uma matéria (na real uma entrevista) e ao ver a tamanha adjetivação que o sujeito que entrevistou o cara fez, me pareceu doentio o fato de os iguais se sentirem inferiores e tratar aos outros iguais como se eles fosses superiores.
Me senti um incapaz, pois não pertenço nem a um grupo (superiores) e nem a outro (inferiores), e como que comprovando minha incapacidade, não me ocorriam idéias para o texto que faria em seguida. Tentei sossegar ao lembrar da aflição do Marcos, grande amigo meu, dizendo que ele, outro dia, não estava conseguindo o que queria e que o melhor a fazer era aceitar de vez sua condição de medíocre. Pelo menos não sofro desse mal sozinho, eu pensei. Até consegui trabalhar no texto depois, algumas poucas idéias me vieram, mas mesmo assim continuei me sentindo um medíocre. Prá piorar me lembrei do papo com o tal, e num raciocínio lógico conclui desesperado que se eu não tenho um ar blasé é por que devo ser um péssimo designer enquanto escritor, ou vice-versa. Então tá, fecha a banca, voltarei a plantar batatas com o Marcos. Caí na real, Juremir: nem tenho o brilhantismo dos gênios nem a paz dos imbecis. Estou fodido. |
