Nas mulheres, adoro mãos e pés bem feitos. Atributos que a natureza concede a algumas senhoras deliciosas. Não podem ser mocinhas. Mãos e pés bem feitos de mulheres quarentonas são os mais bonitos, sem dúvida. Experimentados, tranquilos e solenes. São meus fetiches, vou fazer o quê!
Mas não pensem que sou daqueles "enfetichados" que saem por aí mordendo mulheres. Já não tenho essa agilidade toda. Sou controlado. Perco a serenidade quando vejo mãos e pés bem feitos. Chego a salivar. Mas nada que pareça indecente. Babo discretamente.
Não podem ser mãos e pés com unhas pintadas de vermelho prendi-na-gaveta ou marrom coloquei-o-dedo-lá. Não, essas cores tiram todo o charme por mais perfeitas que sejam as formas. Ultimamente, tenho visto, também, um certo dourado-aeromodelismo. Há quem prefira. Eu, não! Também não gosto dessa moda de pintar as pontas das unhas de branco, por dentro. Parece coçada de parede. Prefiro o rosinha-primeira-comunhão ou aquele transparente moça-chique-comportada.
E nada de unhas gigantes como daquelas atrizes de filmes pornós norte-americanos. Lembram Edward Mãos de Tesoura. Não sei como é que não se espetam durante as encenações. Deve ser fruto de muito treino, muita prática. De qualquer forma, não quero testar para crer. Prefiro unhas aparadinhas, suficientes para sugerir aquele arranhar carinhoso dos cochichos de alcova.
Isso também não significa que eu só identifico mãos para, depois, olhar o resto. Seria um absurdo. A beleza do conjunto é fundamental. Talvez por isso entenda as mulheres como escolas de samba. Deixo que passem para depois avaliar a média das notas.
Se o enredo e o samba-enredo forem fracos, bobos, insossos, não há beleza plástica (nem lipoaspiração) que resolva. Têm que ser inteligentes, instigantes e diferentes. Comissão de frente é quesito indispensável. Precisa ser vistosa e elegante. Mestre-sala e porta-bandeira devem desempenhar suas funções com delicadeza e suavidade. A bateria há que ser vigorosa e vibrante, mas nada exagerado que leve a atravessar na avenida. E a harmonia? Ah, a harmonia! Sem ela, a vida é feita de buracos.
Sempre levando em consideração, é claro, que os carros alegóricos tragam pés e mãos carnudos, perfumados e convidativos, pois, sem eles, não dá samba.