pÉ DE ANJO
Cada Olimpíada tem o seu imortal, o seu herói, aquele atleta que deixa sua marca calcada no tempo através da história. Seu rastro distingue-se dos demais pelo ineditismo de sua performance, pelo brilhantismo de sua atuação ou simplesmente, pelo detalhe de criatividade e estilo que imprimiu ao feito realizado. Não são heróis anónimos, pois seus feitos são divulgados mundialmente e depois, de geração em geração, lembrados com saudades.
Ian Thorpe. Quem não se deixou fascinar pelo seu sorriso à Mona Lisa , seu nariz de aparência fálica, ombros hercúleos (desprovidos de anabolizantes), corpo enorme, estruturado harmoniosamente e com perfeição sobre pernas vigorosas, tendo como base os gigantescos pés, feitos tais quais nadadeiras naturais? ( Mulheres, confirmem comigo, por favor.) E ainda, o mais importante, a tranquilidade que esse peixe-homem demonstrou ao vencer os 200 m de nado livre, com puxadas de braço e pernadas com incrível rapidez nos movimentos, superando seu próprio limite no índice de velocidade dentro d´água, fora de seu habitat natural?
Os pés desse jovem australiano ganharam tal status, que poderiam ser considerados a mola propulsora de sua extraordinária performance. Mesmo não sendo podólatra , acho que uma alegoria especial a este legítimo pé de anjo vem em boa hora. Aliás, os pés não são a parte do corpo de uma pessoa que mereçam maior atenção, mas nesse caso, não há como negar seu espaço e seu valor.
Uma curiosidade sobre a infància desse prodígio aquático me fez pesquisar e descobrir muita coisa sobre ele. Dizem que filho de peixe, peixe é. Nesse caso não é, pois seu pai é jardineiro e sua mãe, Margerate ,é professora e sempre primou pela educação dos filhos. Torpedo, como ficou conhecido em Sydney, tem uma irmã nadadora, não tão talentosa , mas que também desliza naturalmente e com velocidade, submersa nas águas das piscinas e nos mares da Austrália.. A família toda, sempre preocupada com o tamanho do pé do menino, encontrava dificuldades para comprar seus sapatos, número 55. Pode? Tênis foi sempre o preferido com a melhor opção. Na prateleira da sala, ficou de lembrança apenas o sapatinho pintado em ouro, para lembrar seu tempo de criança.
E quem diria que hoje, aqueles pezinhos seriam a marca registrada do herói-revelação desse final de século , nas águas plácidas da piscina olímpica de Sydney? Se tamanho não é documento, pelo menos ajudou , e muito, para esta grande conquista.
Carmen@gaz.com.br
|