A cigarra canta, indicando o verão. A manhã é de sol, brisa suave e a vida pela frente. Tudo será belo como a aurora silenciosa e calma? Muitos já partiram para o trabalho: professores, alunos, operários e o burburinho fora do nosso pequeno mundo é intenso. Para que tanta labuta, tanta movimentação?
É a vida que está presente e vida significa movimento, dinàmica, em oposição à morte, que traz em seu bojo a inércia, a paralisação. Na constante movimentação, que exagerada se torna correria - com inquietação e desespero - , o homem parte para a conquista: de um objetivo, um ideal, um salário, um alimento para matar a fome ou um remédio para lhe aliviar as dores. Devido à própria natureza, imperfeita, os caminhos a percorrer nem sempre são suaves, a ponto de permitirem sejam olvidados o desànimo, a fadiga, o tédio. Encontra ainda pela frente, com frequência, adversidade, a natureza inóspita, o labor cansativo, a colaboração escassa, os dissabores frustrantes, mas necessita perseverar porque tem a vida palpitante, não extinguível diante de obstáculos não letais.
Vencer os desafios apresentados, permanecer firme defronte as forças contrárias, impeditivas, sem dúvida, robustece a personalidade e forma o caráter, se agirmos de peito aberto, com o coração nas mãos e reta consciência.
É possível até que - a esta altura dos acontecimentos - nos tenhamos tornado justos e sejamos premiados, porque justo é aquele que podendo transgredir a lei não a transgrediu (erit illi gloria aeterna qui cum poterit transgredi, non est transgressus).
Lutamos para conquistar um lugar esplêndido ao lado do semelhante, irmão de ideal e, na desventura dos fracassos e dos erros, precisamos nos unir - facilitando com a ajuda mútua - , o reinício da caminhada e a reconstrução dos eventuais escombros. Afinal, o ideal é idêntico para todos. Aspiramos à felicidade, à ventura suprema de não sofrer, de contemplar o belo e de fruir a essência do prazer sem perturbações, na serenidade das noites estreladas ou dos dias azuis paradisíacos. O cumprimento das pequeninas obrigações, assistir ou dar aulas, fazer a tarefa que nos foi proposta, completar a gincana dos roteiros diários ou semanais, são conquistas humildes, sem aplausos, mas que enobrecem e valorizam o ser humano. Jamais essa objetivada conquista obnubile as humanas e vaidosas mentes, motivando desentendimentos perturbadores e fratricidas. Elevemo-nos! Exercitemo-nos na reiteração sadia de propósitos bons, valiosos, imprescindíveis para conquistar o mundo e a plenitude da vida!