No filme Sociedade dos Poetas Mortos, um professor de inglês, guindado a herói, é o protótipo do subversivo ou anarquista, além de materialista. Infunde em seus alunos - subindo à mesa e inovando o local das aulas - idéias de desobediência e revolta, dando a entender que, o status quo reinante é arcaico e precisa ser modificado com inovações revolucionárias, pois os alunos devem aproveitar o dia (carpem diem). Numa das primeiras aulas, chega a mostrar aos alunos fotografias dos seus predecessores, existentes no hall ou vestíbulo, dizendo aos espantados discípulos que todos aqueles antigos colegas não existem mais, nada restando dos mesmos. Aí, em voz baixa e soturna, torna a repetir carpem diem, carpem diem.
Esse professor passando por herói no filme - na vida real seria considerado um mau indivíduo, um desagregador, revolucionário subversivo. Indaga-se por que tenta subverter sem nada apresentar de melhor, inculcando em seus alunos a falsa idéia materialista de gozar a vida, assim que as oportunidades apareçam (carpem diem). Ele não propõe aos alunos que aproveitem o tempo estudando, desenvolvendo, por exemplo, as faculdades da alma. Naturalmente, como é materialista, quer infundir essa noção filosófica em seus alunos que - na fase crítica da formação intelectual - recebem e aceitam o insidioso veneno por um falso ou pretenso mestre. O filme somente é bom ao indicar a coerência nociva que esta funesta educação traz, pois um aluno se suicida, certamente em face da confusão de idéias que o brilhante professor criou. Pretende-se atribuir esse suicídio à atitude nazista e intransigente do pai (realmente com postura incorreta e lastimável), mas a causa do evento, primeira e induvidosamente, nasceu da desobediência filial. O filho, vocacionado para representar, poderia terminar seus estudos - e quando emancipado - seguir livremente a carreira com a qual sonhava.
Notamos, portanto - através de um simples filme - , a dificuldade em que se encontram os membros da sociedade - no caso jovens estudantes - , de seguir o caminho da verdadeira modernidade, pois todas as veredas são ásperas. No simples entretenimento de película cinematográfica constatamos o pomo da discórdia ou a orientação maléfica. No questionado filme não existe erotismo ou pornografia. Todavia, dimana do seu contexto, a idéia irreverente da subversão e a insinuação de que a vida deve ser aproveitada (naturalmente a qualquer custo e passando-se por cima de todos os valores), assim que surjam as oportunidades, mandando-se à s favas os princípios cristãos, predominantes no mundo ocidental.
Concluindo: devemos aproveitar o dia (carpem diem), mas para frutificar as boas tendências que possuímos, seja no estudo, trabalho ou no saudável lazer.