Uso a frase do mestre Rubem Braga para intitular esta crónica, porque rigorosamente concordo com ele. Sim, velhice é coisa vil. Quando chega o momento de ouvir a palavra "senhor" em nossa vida, principalmente quando proferida por uma jovem, dá vontade de gritar: "SENHORA EU NÃO SOU SENHOR DE NADA, NEM DE MIM PRÓPRIO". Mas cala-se. Depois chega o momento de se assustar com coisa que antes eram de outro planeta. Quero dizer a limitação. Palavra mais feia não poderia existir! Sim, a vilice nos limita enquanto seres humanos. Somos obrigados a fazer uma re-leitura de nossos valores e prioridades. Ontem a libido nos tirava o sono, hoje dá preguiça em procura-la. Ontem que foi há 30 anos, o mundo estava na minha mão. Hoje todo este Universo está em expansão. Foge de mim. Olhar um casal lá dos seus 75 anos por aí, ela na frente ainda com passos mais Vigorosos do que ele, aquele que um dia jovem, na praia corria a mil léguas na sua frente. Sim, injustiça maior não existe. A morte foi a musa dos filósofos existencialistas. O que a antecede na maioria dos casos - a vilice - também aí é esquecida. Tolera-se a morte. A velhice e intolerável. Deve ser esquecida. Pode-se falar como um Unamuno e outros da condição humana, do "Dasein" do "ser para morte", nunca do ser pra velhice.
De tão triste evita-se, como se evita falar lepra.
O contagio é grande. O medo muito maior. Confesso que ainda não cheguei lá, mas quando perceber que ela esta batendo minha porta, quem sabe dou um tiro na cabeça?Este é o ultimo clamor de revolta contra Deuses tão insensatos.