Muita gente gosta de ler os bons textos que aparecem na Internet. Com certeza, há gente boa escrevendo por aí. Essa é uma das grandes vantagens da Rede. Ela oferece espaço para que novos autores mostrem seus trabalhos.
O problema é que a mesma facilidade de exibição também cria um novo universo de leitores, desacostumados ao ritual de respeito ao direito autoral. É cada vez maior a reprodução indevida de trabalhos literários pela Internet.
É certo que muita gente o faz com a maior boa intenção. Copia-se um bom texto para mostrar a um amigo ou parente. É gostoso saber que gostaram de um texto meu, por exemplo. Acho que com outros autores também é assim. Porém, muitos reproduzem textos sem citar a fonte, ou seja, o nome do autor e o endereço eletrónico de onde foi extraído o texto.
Nesses casos, uma boa campanha de esclarecimento ajuda. Afinal, ninguém está querendo prejudicar ninguém. Esclarecidas as partes, a tendência é que a citação da fonte seja cada vez mais comum.
O problema é quando sanguessugas literários usam os textos alheios com o objetivo único e exclusivo de se passar por autores. Aí é grave. Esse tipo de atitude configura-se em roubo de propriedade intelectual. É passível de processo. E os autores precisam aprender a processar esses ladrões.
Tenho visto com certa frequência textos reproduzidos por ladrões de letras. Isso é calhorda, nojento e revoltante. Pois para aqueles que roubam textos alheios, vai um recadinho.
Roubam-se letras, mas não levam-se os sonhos. Ninguém pode sonhar o que sonhei, ninguém pode sentir o que senti. Porque sonhos e sentimentos são únicos.
Ardis larápios não podem incorporar experiências intransferíveis.
Roubam-se letras, mas não levam o amor que nelas foi pousado. Quem escreve ama cada palavra, apesar de não ter inventado as letras. Ama o próprio trabalho como também aprende a amar o trabalho alheio.
É um amor incontrolável, paixão adolescente que amadurece em leituras.
seus dedos, que moldaram esse carinho. Isso ninguém pode negar.
Roubam-se as letras, pois, mas não levam os sentimentos cuidadosamente traduzidos em orações lógicas e bem feitas. Tomam a embalagem mas não podem tocar no conteúdo. A forma jamais substituirá a essência. Jamais.
Roubam-se letras e palavras, mas não respiram o ar de quem as fez. Conspurcar direitos não dá direito a nada, nem a respirar.
Quem rouba letras, é ladrão que nada rouba. Pois letras roubadas são areia que se esvai por entre os dedos. Ouro de tolo com direito a cadeia.