É incrível a decadência moral apresentada na maioria dos programas de televisão! Não dá para relatar as imensas torpezas, imundícies, humorismo sujo, entrevistas degradantes, brincadeiras despudoradas que a tevê vêm apresentando, sob pena de se chafurdar no lodo da podre cloaca humana! Diariamente, meses e anos a fio, essa podridão vem sendo lançada ao ar e, consequentemente, captada nos vídeos de todas as moradias! Ainda bem boa parte da população possui a especial graça de distinguir o conveniente, do inconveniente, impossibilitando o ingresso desse lamaçal maléfico nas próprias casas.
Com tal exploração do mal - em multiformes faces -, como poderá a sociedade alcançar o progresso e a melhoria de vida? O mal não coabita com o bem e vice versa. Não tem cabimento se desejar o bem e vice-versa. Não tem cabimento se desejar o bem só para coisas e situações que satisfaçam o próprio ego. E praticar o mal quando se é contrariado ou para satisfazer à s ocultas, irrelatáveis e incontornáveis baixezas íntimas.
É só desligar o aparelho. E se o chefe ou a chefa não estiverem em casa? As crianças é que decidirão? Não dá para aplicar para a televisão o decantado Código do Consumidor? Constata-se, pois, que a sociedade se preocupa destacadamente com o consumo das coisas materiais, a ponto de elaborar estatuto de proteção ao destinatário de bens fungíveis e infungíveis...
Por que não criar também normas protetoras de consumo para produtos artísticos, lúdicos ou diletantes? Dirão muitos que aí se irá censurar, fato proibido pela Constituição. Mas a resposta está nesse mesmo diploma legal (artigo 220, inciso II do § 3º), que prescreve competir à lei federal estatuir normas disciplinadoras sobre programas que afetem os "valores éticos e sociais da pessoa e da família".
A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) lançou um código de ética, mas de prático - segundo se constata - não defende o "consumidor de tevê" das bandalheiras e grossas imoralidades. A famosa portaria do Ministério da Justiça , classificando filmes para cinema, vídeos e tevê, também encontra-se em completo ostracismo e assim, neste setor, ainda prevalecem as máximas: "a lei, ora a lei" e "salve-se quem puder". Conclua-se: se a exaltação e divulgação do bem fossem semelhantes à s do mal, é indubitável que o Brasil estaria percorrendo os caminhos da modernidade e do conforto social, deixando distantes os espectros da miséria, corrupção, violência e criminalidade. Forças ocultas, interesses mesquinhos e satànicos obstaculizam o triunfo da virtude, só atingível quando os grilhões do vício forem quebrados, o que se espera aconteça o mais breve possível.