Falo apenas das executivas, estas moças, jovens senhoras e mulheres maduras de todas as idades, que povoam os escritórios, com seu jeito corporativo, cheias de "ora-vejas", "veja-bens" e "vou-estar-fazendos". Antigamente as executivas usavam apenas terninhos, vestidos e tubinhos pretos. Claro o tailleur sempre teve seu espaço, mesmo quando chamado de costume. As mais refinadas com seus brincos e colares de pérolas, nada mais elegante. Outras, com bijuterias discretas, também fazem seu charme.
Tudo muito elegante, mas tudo muito preto. O chamado pretinho básico, onipresente. Sisudas estas roupas, com cara de "não mexa comigo", ou pelo menos "não mexa comigo agora, depois a gente conversa". Decotes muito discretos, como convém aos escritórios, cortes na perna quando existentes, muito limitados, apenas o indispensável para permitir movimentos contidos. Tudo como parecia convir ao trabalho e à produção. Mas se o preto é de fato elegante e ajuda a disfarçar certos àngulos menos nobres, por outro lado, não convida ao trabalho, deprime, deixa as coisas sem ànimo. Parecem viuvinhas. Belas viuvinhas é verdade, mas não há gordurinha oculta que justifique tanta tristeza. Nem mesmo a elegància inegável.
Não fora os ternos cinzas de alguns executivos e muitos escritórios estariam condenados à escuridão do preto destas bravas trabalhadoras.
Não sei se por influência de nossa primeira dama, felizmente, as executivas já podem escolher a cor sem medo. Os terninhos ganharam cor e já não espantam com aquele ar sisudo das roupas pretas. Os tubinhos e os costumes vão atrás e já podem ser encontrados em cores variadas, incluindo o azul claro e o rosa "Barbye", passando pelo verde em tonalidades várias. Ainda bem. É uma alegria geral.
Não há dúvida que sempre há quem exagere, mas aquelas exageram até no preto. Além das cores variadas há ainda o branco, igualmente elegante, mas pouco explorado.
Como bem demonstra a cantora Simone, a elegància em branco é muito mais bonita.
Escrito em 30.07.2003
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