Ir a São Paulo e andar de metró, torna a viagem rápida e prática, desde que os nossos interesses se encontrem dentro da área servida por esse moderno meio de transporte. Os pensamentos estão sempre a esvoaçar, e, em tais ocasiões, nos admiramos com o vai-e-vem contínuo, intermitente e - observando aquelas centenas de pessoas em multiplicidade de direções, posições, situações etc., nos perguntamos: somos nós mesmos que estamos aqui? Olhamos para os semblantes, para as roupas, para as bagagens, o modo apressado ou lento de caminhar e inferimos: sé se vêem jovens no metró e a vestimenta é desataviada - um paletó e gravata para cada cinquenta ou cem pessoas, dependendo da hora -, sinal de se que tratam de simples trabalhadores ou estudantes, o grosso da população brasileira.
Daí nos dirigimos para Cumbica o grande aeroporto metropolitano. Temos, então, sensação de grandiosidade. Como se passássemos, de repente, do Terceiro para o Primeiro Mundo. Ronco de aviões. Passageiros bem-vestidos, elevadores, escadas rolantes, lanchonetes e lojas requintadas, amplos espaços, limpos, com absoluta ausência - ao menos aparente - de pobres e pobrezas... Aí, então, meditamos: a modernidade deve ser mais ou menos como os grandes aeroportos, onde a sensação da miséria se encontra ausente.
Afinal, é isso que todos almejamos: fugir da miséria. Mas a pobreza, sendo valor conceitual, jamais será extirpada, sendo que - os menos aquinhoados - sempre se sentirão pobres ou inferiorizados em relação aos que possuem mais, aos contemplados com excesso de bens. Aprofundando a exegese, na busca do melhor para a situação humana, encontramos o referencial correto no sermão da montanha: Bem-aventurados os pobres de espírito. Portanto, não se deve objetivar acabar com a pobreza, nem procurar diminuir as riquezas, que também sempre existirão.
A busca incessante, correta, será de nos tornarmos pobres de espírito (não imbecis, em sentido pejorativo ou ridículo), porque esse estado d´alma representa aperfeiçoamento do mundo interior do homem, a vitória da racionalidade sobre a animalidade, independentemente de riqueza ou pobreza material. Para o cansaço das andanças de metró e visitas a aeroportos, finalizando, nada melhor que a tranquila e bucólica natureza das campinas...a vida sempre mais calma, permitindo divagações, estudos, meditações...