Não sei fazer Cordel
Sei empinar pipa colorida
E enrolar linha em carretel
O que de nada adianta
Quando meu desejo é apenas
Agradecer pelo carinho
De ser lembrada em cordel
Por gente que sei sabida demais
E eu, estagiária da Usina
De agosto do ano que se foi
Até hoje, amanhã e depois...
Vou à luta todos os dias
Até quando me cansar
O que julgo difícil de encarar
Pois cerco-me de tanta gente boa
Que não me deixa descansar
A Usina é um desafio
Que decidi enfrentar
Mesmo me sentindo passada
E sem forças para nadar
Num mar de peixes graúdos
Onde predadores não há de faltar
Vou criando fôlego
E virando páginas sem parar.
Quem conhece, sabe
Que minha página pertence
Às palavras que me cativam
Sejam elas, as que se prendem
Na trama dos meus fios
Ou que venham tecidas em teares alheios
Gosto de dividir, gosto em demasia das partes
Amo juntar as partes e vislumbrar o inteiro
De tudo, nada é mais saudável
Que o cuidado que perpassa
Pelas pessoas que não conheço de pele
Mas que a cada dia se desvela
Em imagens iluminadas
E que dão cor aos meus dias
Usineiros, não tem preço meu sentimento
Tampouco o tempo que passo com vocês
Não sei fazer cordel
Mas estico cada vez mais
A linha do meu carretel
Para que minha pipa voe
E carregue vocês num vôo fiel
De cores em direção ao horizonte
Onde todos os sonhos se encontram
Onde a Usina um dia se fez