RETRÉPLICA à TRÉPLICA de Virgolino
José de Sousa Dantas, em 05/12/2006
VIRGOLINO
Como eu já esperava
DANTAS veio ao desafio,
eu escapei por um fio,
quase me atrapalhava.
Porém forte eu estava
e como a sorte me abona
voltei com vigor à tona,
soltei o verbo e a rima,
de baixo passei pra cima
e fiz Dantas ir à lona.
DANTAS
Minha FORÇA impulsiona
pra vencer o DESAFIO,
bato, rebato e não chio,
minha arte funciona,
meu contendor vai à lona,
ao nocaute e desanima,
se arrepende e se lastima
não poder mais relutar,
VIRGOLINO vai chiar
e dou a volta por cima.
VIRGOLINO
Contando de um a dez,
no dois DANTAS levantou,
pra mim sério perguntou:
"O que achas que tu és?"
e olhando de revestrés
puxou o som da viola
como craque faz com a bola
fez firulas com o verso,
rebati com verso reverso,
acertei Dantas bem na cachola.
DANTAS
VIRGOLINO se atola
no começo da passada,
entra numa encruzilhada,
se desmantela e se enrola,
derrapa e pisa na bola
vai logo se esmorecendo,
não sabe o que está fazendo,
levanta e leva um tropeço,
APANHA desde o começo,
cai e finda se rendendo.
VIRGOLINO
Com fôlego de sete gatos,
DANTAS não se entregou,
achou força e voltou
chamando às vias de fatos,
dizendo ter poderes natos
pra massacrar qualquer um.
Porém em momento algum
eu entrego a rapadura,
dou revide à altura,
não temo cantador nenhum.
DANTAS
Não tenho medo nenhum
de VIRGOLINO, que jura
enfrentar parada dura
e superar qualquer um,
diz ser fora do comum,
fica arrotando vantagem
contando mais pabulagem,
querendo me dominar,
mal começa a pelejar,
se esfria e perde a coragem.
VIRGOLINO
O desafio continua,
a luta não se extingue,
chamo DANTAS para o ringue
em casa ou mesmo na rua,
minha verdade é nua e crua,
não vou correr da parada,
meu verso é como facada
que esfola o contendor,
que o deixa sentindo dor
de tanto levar pancada.
DANTAS
VIRGOLINO não viu nada,
fica no RINGUE ciscando,
pensa estar me intimidando,
mas não suporta pancada,
pula, roda, faz zoada,
se gaba e se inquieta,
com a cara de pateta,
surpreso, fica em suspense,
se esforça, mas não vence
a FORÇA deste poeta.