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CATORZE GRANDES PORTUGUESES
EM ONZE SEXTILHAS
PARA MIÚDOS E GRAÚDOS
Cai o Povo de desgosto
preso ao jugo espanhol
de João e Beatriz,
mas a 14 de Agosto
guerreiro ao arrebol
estava o Mestre de Aviz...
Milagre de bis-a-bis
ante a iminente derrota
a batalha é inolvidável,
peleja que Deus bem quis
consagrar Aljubarrota
ao seu Santo Condestável...
Quiçá no mais agradável
momento à luz da História
em permanente luzeiro,
surge a geração notável
do rei de Boa Memória
que foi Dom João-primeiro...
Dom Henrique timoneiro,
Infante da expansão
em Sagres, porta do mar,
enviou ao mundo inteiro
navegadores de eleição
sem medo de naufragar...
Em façanhas de pasmar
o sonho engravidou
com denodo providente
na arte de bem cavalgar
a toda a sela passou
Dom Duarte, o Eloquente...
Passa o negro continente
defronte ao chão lusitano
batucando a lusa-testa
do rei audaz e valente,
Dom Afonso, o Africano,
o quinto da lança-gesta..
Tudo pronto e o que mais resta
de Portugal no peito
para dar cartas ao mundo,
proclama o Povo em festa:
viva o Príncipe Perfeito
el-rei Dom João-segundo...
Mais além do mar profundo,
Bojador, Índia, Brasil,
navegam as caravelas;
Gil vence o nauseabundo,
Gama, Cabral e em redil
os sonhos todos vão nelas...
Sob os astros e as estrelas,
morre o rei, não há herdeiro,
mas o arcano audacioso
no sopro das mesmas velas
põe Dom Manuel-primeiro
para ser o Venturoso...
Sucede-lhe o Piadoso
el-rei Dom João-terceiro
a maus ventos destinado,
pai de um filho desastroso,
Dom Sebastião porteiro
do eterno Desejado...
No sonho em vão esfumado
por Alcácer-Quibir
começa a Pátria escrita:
Dom Henrique, padre errado,
rei Casto sem advir
e Camões morre em desdita...