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 | Cordel-->Nem mesmo que a vaca tussa -- 19/10/2001 - 20:41 (José Pedro Antunes)  | 
	
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Esses desfiles de moda,
 
é o que dizem os jornais,
 
continuam sempre em moda,
 
mesmo em tempos atuais.
 
 
Esquálidos esqueletos
 
exibem seus modelitos.
 
A moda é para os eleitos,
 
o mundo, para os famintos.
 
 
Quem paga por esse luxo
 
é quem lê tanta notícia,
 
é quem leva bofetada,
 
come lixo e não se lixa.
 
 
Num mundo tão conturbado
 
por guerras, epidemias,
 
modistas inventam moda
 
e jornais criam fobias.
 
 
E enquanto a gente saliva
 
para a indústria cultural,
 
mandam bala e mandam chuva
 
os combatentes do mal.
 
 
O mundo fashion não pára
 
nem mesmo que a vaca tussa,
 
a vida é uma festa rara
 
mesmo em época tão ruça.
 
 
O Bushinho vai à China
 
faz muxoxo em chinesinhos,
 
de longe alisa a botina
 
dos valentes soldadinhos.
 
 
E já promete atacar
 
tudo o que seja buraco,
 
enquanto não trucidar
 
o autor desse barraco.
 
 
Aos civis, pão e coragem,
 
mas que gesto humanitário!
 
Bombas sobre a paisagem
 
são o mal, que é necessário.
 
 
Solerte, a moda incorpora
 
esgares de sofrimentos,
 
ou anuncia a melhora
 
com românticos alentos.
 
 
Esses desfiles de modas
 
é o que dizem os jornais,
 
continuam sempre em moda,
 
continuam sempre iguais.
 
 
Fazem de conta que tudo
 
não passa de um bom fuxico,
 
e usam o resto do mundo
 
como se fosse um penico.
 
 
Somos todos figurantes
 
nesse show desinformado,
 
que tratam como o de antes
 
este mundo conflagrado.
 
 
Minha terra tem pavores
 
que não existem por lá,
 
a elite come a pipoca
 
e nos deixa o piruá.
 
 
Este cordel sai confuso
 
da leitura dos jornais,
 
tá faltando parafuso
 
ou é parafuso demais?
 
 
Este cordel vai à luta
 
por um mundo desumano,
 
o humano, em sua conduta, 
 
quer criar o caos insano.
 
 
Este cordel usineiro
 
termina sem ter mensagem,
 
seu autor anda cabreiro
 
com tanta picaretagem.
 
 
Sem o afã de um pós-moderno
 
em paraíso tão doce,
 
trouxe pouco do que levo,
 
que não me leve quem trouxe.
 
 
Sigo debulhando estrofes
 
para espanto dos leitores,
 
exorcizando  castrofes ,
 
reprovando os clonadores.
 
 
Para espanto dos incréus,
 
sigo procurando rimas,
 
que se espalhem pelos céus
 
e abafem o som das minas.
 
 
Meus versos são estilhaços
 
nesta terra tão pequena,
 
onde somos figurantes
 
de uma fita de cinema.
 
 
Oh! chuva que cai lá fora,
 
neste campus verdejante,
 
não pára, não vai-te embora,
 
que a vida siga adiante.
 
 
Lava meus versos tristonhos,
 
faz brotar rimas contentes,
 
faz chover luzes e sonhos
 
sobre as cabeças das gentes.
 
 
Ilumina os poderosos,
 
dá-lhes o verbo que falta,
 
fá-los grandes, generosos
 
com o mundo à sua volta.
 
 
Cai, cai, chuvinha miuda,
 
faz deste mundo um jardim,
 
faz brotarem outras modas
 
que nos afastem do fim.
 
 
Eu tinha escrito um artigo,
 
que enviei, mas se perdeu,
 
estes versos, meu amigo,
 
saem de mim, não sou eu.
 
 
Vou-me embora, meus amigos,
 
o que está feito está feito,
 
são novos versos antigos
 
que escancaram o meu peito.
 
 
O mundo explode lá fora,
 
a chuva escorre do céu,
 
vou me despedindo agora
 
encerrando este cordel.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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