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Cordel-->Cordel do Sertão -- 19/10/2001 - 14:43 (Manoel Antonio Bomfim) |
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Mas, como eu sempre falo
Esse mundo é engraçado
Sou teimoso e nunca calo
Defendendo o meu legado
Descubro música num estalo
Ou num grito escancarado
Nas coisas do meu sertão
Tudo se pode encontrar
Boi brabo em ribeirão
Vaca mansa a pastar
Pinto com medo de gavião
Galinha a carcarejar
Tejo é um ladrão de ovo
Vem da mata sorrateiro
Mesmo, perto do povo
Rouba e se manda ligeiro
Vai-se e volta de novo
Em busca do galinheiro
Existe a cobra coral
Pequenina e venenosa
Sua pintura é natural
Com cores maravilhosas
Se esconde no matagal
Ela é muito perigosa
Tem, também, a cascavel
Outra cobra conhecida
Não é um bicho amável
Pois, ataca as escondidas
Seu veneno e condenável
Pior do que pesticida
Temos o galo de campina
Com sua cabeça vermelha
Canta e não desafina
Sua pena brilha e espelha
Que nem olho de menina
Quando vem uma abelha
Quisera eu conhecer
Todos os bichos do mato
Nunca parar de escrever
Sobre esse tema, de fato
O que mais queria fazer...
Filmar e bater retrato
Existem outros animais
Raposa, peba e tatu
Avoantes nos pombais
Tem muito em Iguatu
Pena, que muitos, jás...
Na Região Centro-Sul
Conheço bem o pica-pau
Um pássaro interessante
Diferente do urutau
Outro bicho impressionante
Parece um pedaço de pau
Seco, parado e inoperante
Vou fazer uma relação
Dos bichos nordestinos
Sagui, rolinha, cancão
Lagartixa e tijubinos
Calango e camaleão
Vi muitos, quando menino
Nossa fauna está acabando
Sem ninguém pra preservar
Todo mundo desmatando
Os bichos vão se acabar
E a flora agonizando
Não sei como vai ficar
Se não houver uma ação
Do povo e dos governantes
Será deserto o sertão
Com essas queimadas constantes
Seca açude e ribeirão
Não teremos mais varzantes
Que Deus tenha piedade
Desse povo do sertão
Que está indo pra cidade
Deixando o velho torrão
Evitando a calamidade
Cantada por Gonzagão
Manoel Bomfim – 19/10/2001
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