Isso é uma avaliação
Que eu faço amargurado
De um governo que torci
Pra retorcer o passado,
Por numa lata de lixo
Tudo que estava de errado.
Falo do governo Lula
Que devido a apelação
De todo apoio da elite
Que sugou sempre a nação,
Foi um pouco da esperança
Da nossa população.
No ano de oitenta e nove
O povo foi com fervor
Votar em Lula, que era
Leal ao trabalhador,
Como a melhor opção
Que já teve um eleitor.
Porém, pela quarta vez,
Já não tendo o mesmo fim,
Marchando desconfiada
Com as alianças assim,
Muita gente foi às urnas
Pra votar no menos ruim.
Começo a avaliação,
Falando sem ironia,
Do programa Fome Zero
Envolto em demagogia
Com a oficialização
Da própria filantropia.
O programa Fome Zero
Tem negado ao pescador
A vara, a linha, o anzol,
As lições com mais primor,
Panos de rede, o pesqueiro
E o barco navegador.
Dar o peixe é mais seguro
Que ensinar a pescar,
O homem mais dependente
É a forma fácil que há
Pra se manter no poder
E ao bel-prazer governar.
O programa Fome Zero
Que seria um paliativo
Enquanto o emprego viesse
Dando paz ao coletivo,
Pouco a pouco se transforma
Em um grande objetivo.
É que o emprego fomenta
Liberdade de pensar,
Uma vontade política
Democrática, popular,
De romper com as elites
E toda gestão mudar.
Esse é um dilema; o outro
Diz respeito à inflação.
Do emprego vem a renda,
Moeda em circulação,
Alterando sempre o preço
Desde o remédio ao feijão.
E vem também dele a força
Da boa organização
Na conquista de salário
Compatível à produção.
Isso no capitalismo
É assanhar a inflação.
O empresário não aceita
A mão no seu cofre envolta.
Por pressão pode acatar,
Porém, nos preços encontra
Como, o que der com uma mão,
Te-lo de volta com a outra.
Está posto, então, o dilema
Pra o governo resolver
Soltar, pois, a economia
Fazer o país crescer.
Gerar emprego e mais renda
Sem a inflação se mexer.
Não é possível um governo
Desenvolver a economia,
Fazer justiça com a renda,
Tão concentrada hoje em dia,
Sem que os preços se elevam
Tendo a demanda por guia.
É por isso que o FMI,
Frente ao desenvolvimento,
Se esconde atrás da inflação
E pra impedir o crescimento
Põe os preços em um acordo
E exige seu cumprimento.
É que, se eleva a economia
Vai se criando um excedente
Indo mexer com o mercado
Mundial mais influente,
Favorecendo a balança
Do país mais emergente.
Eis o primeiro problema
Pra o governo resolver,
Criar dez milhões de emprego
No período de poder
Sem afrouxar a inflação,
Sem o FMI constranger.
Segundo grande problema
É quanto à reforma agrária.
Um milhão de assentados
Com a condição necessária
Pra fixar-se no campo
Sem a violência sicária.
Só por um simples boné
Que Lula usou dos Sem-terra
Os ruralistas chiaram,
Fizeram tremenda guerra
Num aviso que se a reforma
Agrária sair se ferra.
Embora a reforma agrária
Seja vital pra nação,
Gerando emprego no campo,
Mais arroz, milho, feijão,
Desafogando as cidades
No transporte, habitação;
Aliviando as favelas
Da violência em questão,
Gerando emprego indireto
Em tudo que é produção,
Mesmo, assim, não será feita
Em consenso de balcão.
Será, tão-só, ela feita
Pela conscientização
De um poder sensato, forte,
Que não se curve à pressão...
Foi isso o que fez o povo,
Pela urna, em eleição.
Se os projetos de campanha
Que representam o porvir
A minoria não acata
Nem os permite cumprir,
Só mostra a fragilidade
Do governo a sucumbir.
Não se vota por justiça
No que há de acontecer.
Tudo é função da troca
Que venha a favorecer,
Com verbas públicas e cargo,
Os amantes do poder.
Em troca, ainda, aliança
Espúria e contraditória,
Sob pretextos medíocres
Feitos de farpa e vanglória,
Só vem abalar as crenças,
Só vem manchar a história,
As velhas raposas que
Deviam ser combatidas,
Abrindo espaço às mudanças
De há muito tão sentidas,
São elas, então, chamadas,
Premiadas e enaltecidas.
São bastante assediados
Deputados, senadores,
Indiferente à sua ética,
Seu moral, outros valores,
Conforme seja o seu peso
Como rolos compressores.
Com o voto do povo eleito,
Ao começar governar
O político dirigente
Pensa logo em cooptar
Até mesmo o mal-caráter
Pra ser seu parlamentar.
E jogando a máscara fora
Entra, então, a corrupção,
Dinheiro público é usado,
Verbas, cargos, comissão
Para compra de aliados
Na pior contradição.
Quem usa desse artifício
Bem intencionado não está.
Ele quer com a maioria
A falcatrua ocultar
E meter goela a dentro
Seu xarope impopular.
A coerência, o respeito,
À vontade do eleitor
Não se dá mais importância,
Não tem o menor valor...
O que vale é a maioria
Garantida a seu favor.
Hoje em dia presidente,
Prefeito ou governador,
Antes mesmo de assumir
O seu cargo de gestor
Já tem comprado os apoios
Do corrupto ao traidor.
Está posto, então, o dilema
Pra o governo resolver
Soltar, pois, a economia
Fazer o país crescer.
Gerar emprego e mais renda
Sem a inflação se mexer.
Não é possível um governo
Desenvolver a economia,
Fazer justiça com a renda,
Tão concentrada hoje em dia,
Sem que os preços se elevam
Tendo a demanda por guia.
É por isso que o FMI,
Frente ao desenvolvimento,
Se esconde atrás da inflação
E pra impedir o crescimento
Põe os preços em um acordo
E exige seu cumprimento.
É que, se eleva a economia
Vai se criando um excedente
Indo mexer com o mercado
Mundial mais influente,
Favorecendo a balança
Do país mais emergente.
E jogando a máscara fora
Entra, então, a corrupção,
Dinheiro público é usado,
Verbas, cargos, comissão
Para compra de aliados
Na pior contradição.
Quem usa desse artifício
Bem intencionado não está.
Ele quer com a maioria
A falcatrua ocultar
E meter goela a dentro
Seu xarope impopular.
A coerência, o respeito,
À vontade do eleitor
Não se dá mais importância,
Não tem o menor valor...
O que vale é a maioria
Garantida a seu favor.
Hoje em dia presidente,
Prefeito ou governador,
Antes mesmo de assumir
O seu cargo de gestor
Já tem comprado os apoios
Do corrupto ao traidor.
O papel da militância
Encerrou-se com a eleição,
Seus ideais de justiça
Formados na discussão
Foram parar na lixeira
Ao tilintar do balcão.
O acesso que é permitido
Com o poder de decisão
Só o têm os “iluminados”
Com a exclusiva função
De defender o governo
Quer no erro ou na razão.
Por isso que a insanidade
Já grassa a todo momento,
Prova disso é o absurdo
De impedir que o provento
Do velhinho aposentado
Tivesse o seu pagamento.
Mas, o grande capitalista,
Livre, engravata os dentes,
Os empresários não chiam,
Banqueiros ficam contentes...
Se fala até em um PROER
Para a imprensa conivente.
O FMI foi premiado
Com o superávit primário,
Fato esse criticado
Porque seu itinerário
Só fortalece o vampiro,
Só enfraquece o operário.
São reduzidos recursos
Previstos pra o social
Enquanto que a renda média
Se torna mais desigual
Empobrecendo o trabalho,
Enricando o capital.
Ditando as regras, o Fundo
Monetário Internacional,
Que governa essa nação
Com as garras do capital,
Não deixa perspectiva
Pra uma saída vital.
Da dívida com o FMI
Cada ano se complica,
Quanto mais se dá pra ela
Mais em número ela se estica,
É como um buraco em terra,
Quanto mais tira, maior fica.
Nós vamos sobreviver,
Mas, alguma geração
Vai sofrer as conseqüências
Da inevitável explosão
Porque a dívida é um pavio
De pólvora, aceso à nação.
Lula que venceu sabendo
Da frágil capacidade
De pagamento da dívida,
Dizia com autoridade
Que não seria ela paga
Com a dor da sociedade.
Hoje ao invés de protestar
Os agentes dessa dor
Ele sai de mundo afora
Implorando ao agressor
Para arrancar suas garras,
Ser um bonzinho opressor.
Mas, o pior dos abutres
Que é o FMI
Até poliu suas unhas
E o ajudou a ingerir
O sangue dos brasileiros
E seus sonhos de porvir.
Já foi dito com firmeza
Que o governo do PT,
No que pese suas promessas,
Podia pouco fazer
Porque estava no governo,
Mas não estava no poder.
Pensando com mais afinco
O Fundo, a prática, o teor,
Lula não está no poder,
Nem do governo é gestor,
Sua função toda encerra
Como um colaborador.
Quem tem poder e governa
É o Fundo Monetário,
É ele quem dita as regras
Do desemprego e salário,
Do PIB, e do social
Com sua parte no erário.
A própria taxa de juro
Tem o Fundo a liberdade
De subir ao patamar
Em que achar necessidade
Para arrochar o país,
Punir a sociedade.
Mas, o povo vem lutando
Pelo fim desse tormento,
Fazer uma auditoria
De todo endividamento,
Se possível, moratória
Ou mesmo o não-pagamento.
Algo disso há de ser feito,
Essa é a única solução
Pra reduzir-se a miséria
Que grassa em todo rincão
E evitar mais a frente
O estouro da nação.
O povo conscientizado
Precisa continuar
A luta de independência
A qual deve começar
Pela questão dessa dívida
Que nos deixa a sufocar.
Nós vamos sobreviver,
Mas, alguma geração
Vai sofrer as conseqüências
Da inevitável explosão
Porque a dívida é um pavio
De pólvora, aceso à nação.