Nosso país não vai bem,
Nada de bom acontece,
Tão-somente a inflação
Num nível se estabelece,
Mas, isso é um sinal ruim,
Os preços só ficam assim
Quando a demanda não cresce.
Antes comemorava-se
Sempre a queda da inflação,
Era quando a gasolina
Se transformava em vilão,
Se ela baixava de preço
Se via como um começo,
Também, do preço do pão.
Era um fator psicológico...
Porém, hoje, é diferente,
É a inflação de demanda
Quem dita teoricamente.
Se o povo tem boa renda
Pra adquirir bens na venda
Sobe o preço, certamente.
É por isso que não sinto
A menor tranqüilidade
Quando o governo anuncia
Dos preços a estabilidade,
Ou até sua queda em rumo
De muitos bens de consumo
Da nossa sociedade.
Inclusive, uma das causas
Do desemprego em ascensão,
A vez do primeiro emprego
Prometido na eleição,
É que ele acuado está
Sem conseguir conciliar
Emprego, renda, inflação.
Por isso que o FMI
Que quer ver fragilizada
Do Brasil a economia
Com sua inflação zerada
É por causar recessão
E, assim, por ele, a nação
Ser, mais fácil, dominada.
E então o governo Lula
É puro assistencialismo,
São oito meses de marcha
Na direção do abismo,
Da caminhada o espaço
Sequer o primeiro passo
Foi dado com otimismo.
Estamos naquela prática
De dar o peixe ao faminto,
Nunca ensina-lo a pescar
Pra não mudar seu instinto,
Na doutrina do poder
É mais barato manter
O homem no seu recinto.
Outra “bravata” mostrada
Pelos que fazem o poder
É, pois, o risco Brasil
Que começa a decrescer,
Mostrando ao especulador,
Ao banqueiro e investidor
Que o lucro fácil há de ter.
Outro fato é o empréstimo
Pra o pequeno produtor
Quando esse tão-só produz
Os bens de baixo valor.
Trabalhando no vermelho
Vê o massacre no espelho
De um coração sofredor.
Das reformas prometidas
Não se faz a prioritária
Há meio século esperada
Que é a reforma agrária...
Que oferta mais emprego
E até traz mais sossego
Pra toda classe operária.
Pra o pequeno é só pedido
De sacrifício o mais vário,
Porém, quando o FMI
Exigiu maior calvário,
Estendendo a mão amiga,
Colocou nossa barriga
No superávit primário.
Pois, num estalo de dedos
Aos serviçais da nação
Foram, com muita firmeza,
Atendidas as extorsões.
Então, sem pestanejar,
Sem o povo consultar,
Jorraram ali os bilhões.
Agora cento e cinqüenta
Milhões de reais serão
Gastos sem acanhamento
Nos jornais, televisão,
Pra mostrar um país novo
Onde o nosso ingênuo povo
Melhora de condição.
Que país é esse, afinal?...
Onde é que estamos nós...
Como é que um operário
Faz-se cutelo do algoz!?...
Mas, companheiros, não manquem!...
Antes que as forças se estanquem
Não deixemos que arranquem
Da garganta a nossa voz.
Dessa tarde de 31/08/03, tão nublada quanto a situação do Brasil, eu dou o meu grito de indignação.