Dizem que um elefante
Incomoda muita gente,
Imagina se é demente!
É da pobreza um amante
Da sua paz um aliciante
Com seus discursos banais
E falando alto demais
Dois elefantes é certeza
Se juntar na mesma mesa
Incomoda muita mais.
Sendo mulher ou rapaz
Que bebe o mesmo veneno
Mesmo grande ou pequeno
Só no furor é capaz
Dando cólicas bestiais
Pior que a dor latejando
Ou hemorróida purgando
Uma afta ardendo na língua
Inflamada já deu íngua
No corpo tá se espalhando.
Esse paquiderme andando
Já é uma temeridade
Não que tenha a maldade
É que não anda pensando
Pisa no que vai deixando
Atrás vem à varejeira
Pensando ser brincadeira
Se alimentando do monte
Se nutrindo nessa fonte
É o defunto e a carpideira.
Afta no elefante, inteira!
Ou hemorróida doendo
Desce o fel vai escorrendo
No céu desfralda a bandeira
Entre bazofia e besteira
Meu olho não é lanterna
Minha vista não tem perna
Beija-flor né tico-tico
Nem meu ouvido é pinico
Açude não é cisterna.
Nada tem na parte interna
Um elefante distreinado
Ainda mais sendo imitado
Por alguém que só hiberna
No bolor quele externa
Zé limeira só diria
É a pura bestrofobia
No lambe-lambe de rabo
Levando cenoura e nabo
Na maior bestiologia.
