Querido amigo leitor,
Aceite-nos com amor,
Nesta jornada poética.
Ao perdoar nossos versos,
Que nós sabemos perversos,
Não mantenha a alma cética.
Saiba que temos tutano,
Pois, sai ano e entra ano,
Rimar se torna virtude.
A turma é tão numerosa
E tão pouca a nossa glosa,
Que o volume até ilude.
O nosso amigo escrevente
Toda dúvida que sente,
Desabrido, põe na rima,
De uma forma tão sagaz
Que parece ser capaz
De fazer uma obra-prima.
Mas não pense em animismo:
É de puro mediunismo
Que se fazem estas trovas.
O que dissemos acima,
A respeito desta rima,
São simples testes ou provas.
Ao mexer com nosso médium,
Queremos dar-lhe o remédio
Para os sintomas do medo.
Ao apanhar a mensagem,
Está longe na viagem,
Saltitante, alegre, ledo.
Sendo assim, um dedo em riste
Fica sendo bem mais triste,
Que o médium fica de fora.
Quando lê os versos fracos,
Com sentimentos opacos,
Ao Senhor por nós implora.
Mas isto acontece pouco,
Pois, quase sempre, está louco
P ra nos pôr em pedestal.
Na hora em que se aproxima
Nossa derradeira rima,
Tudo vê sensacional.
Perceberá o leitor,
Por mais prático que for,
Que existe prazer no verso,
Mesmo sendo tão simplório,
Tão triste quanto velório,
Em fraquezas submerso?
Jamais fique quedo ou pasmo.
Aumente seu entusiasmo.
Comece a escrever poesia.
Caso tenha alguma verve,
O sentimento conserve,
Configurando alegria.
Se, ao contrário, for bem sério,
Defunto no cemitério,
Sisudo, calado, frio,
Faça versos com vontade:
Quem sabe você se agrade
De ser tocado em seu brio.
E não queira vir com pressa:
A inspiração nunca cessa,
Caso fique concentrado.
Verso a verso vai saindo,
Um poema quase lindo:
Quando nada é improvisado.
Faz apenas uma hora
Que esta imantação vigora
E uma dúzia completamos.
Viemos bem devagar,
Desejando não falhar:
É sempre assim que pensamos.
Há quem venha mais veloz,
Pondo susto em todos nós
Pela eficácia da rima.
Quanto mais estudo tem,
Mais a trova fica bem,
Mais ameno faz o clima.
Nossa maneira diverge.
É que a trova agora emerge
Das profundezas da alma.
Um ou outro verso em “-ão”,
P ra rimar com coração:
Sendo assim, há que ter calma.
Simplicidade é falácia.
Sempre é boa alguma audácia,
Numa imagem colorida.
É bem triste a causa dela,
A desbotar, amarela,
Mentalidade falida.
Coragem, caro, coragem,
Neste início de viagem,
Pois nem tudo sai perfeito.
Há que pensar no futuro,
Após trabalhar bem duro,
Coração batendo ao peito.
Cobra-nos o caro médium,
Que foi forte o nosso assédio,
Sem falarmos do evangelho.
E desconfia que a rima,
Como muito bem estima,
Não há que fugir de “velho”.
Eis o exemplo procurado
Do imperfeito que foi dado
Como certo no começo.
Basta pensar em Jesus,
Que o nosso verso reluz,
A virar o erro do avesso.
Nossa melhor atitude,
Nos conformes da virtude,
É mostrar perseverança.
Amor, bondade, justiça
E tudo o mais que se atiça,
Com trabalho é que se alcança.
Agradeçamos ao Pai,
Se algum bem é que se extrai
“Desta mal traçada linha”.
Com um sorriso no rosto,
Vamos deixando este posto:
O cansaço se avizinha.
Queremos ver nosso amigo
Enfrentando este perigo,
Com denodo e valentia,
Pedindo a Jesus que traga
Muita luz p ra sua saga
E cor p ra sua poesia.