O muito é da minoria e pouco é de muita gente
José de Sousa Dantas, em 16/05/2003,
tema de Fernando Rezende
Há tanta desigualdade
no País que a gente mora
quem está sofrendo, chora
passando dificuldade,
quem passa na faculdade
é filho de presidente,
de empresário, de gerente
dono de refinaria.
O muito é da minoria
e pouco é de muita gente.
A taxa de desemprego
é maior nas capitais
das camadas sociais,
que vivem pedindo arrego;
quem ganha mais tem sossego,
dinheiro constantemente
só passa aperto somente
se tiver na agonia.
O muito é da minoria
e pouco é de muita gente.
Na composição da renda
o rico tem condição
de juntar maior porção,
dinheiro, carro e fazenda,...
o pobre fica na lenda
de homem forte e valente,
que trabalha no sol quente,
sem descansar nenhum dia.
O muito é da minoria
e pouco é de muita gente.
O rico tem alimento
toda hora e todo dia,
aproveita a boemia,
curtindo todo momento,
o contraste é violento
o pobre é como indigente,
mas o rico é diferente,
ganha toda mordomia.
O muito é da minoria
e pouco é de muita gente.
Na gerência de empresa
só se encontra o barão,
dono de televisão,
acumulando a riqueza;
pois é difícil a pobreza
ter um lugar condizente,
mas luta diariamente
pra dar lucro à companhia.
O muito é da minoria
e pouco é de muita gente.
Na camada social
a base está saturada,
embora sem ganhar nada,
mas sustenta o capital,
trabalha como animal,
fortalecendo a corrente
da classe mais influente,
que mantém a hegemonia.
O muito é da minoria
e pouco é de muita gente.
A diferença é marcante
do pobre pra o homem rico
este é dono de fabrico,
um grande comerciante;
o pobre, um mero ajudante,
sempre firme no batente,
toda hora está presente,
produzindo mais valia.
O muito é da minoria
e pouco é de muita gente.
Observe na política
só ganha quem tem dinheiro,
sempre às custa do pobreiro,
a situação é crítica;
como personagem mítica,
faz o grupo o presidente
mas o pobre é inocente
vai sofrendo à revelia.
O muito é da minoria
e pouco é de muita gente.
Pobre é um operário,
só tem direito a ganhar
um mínimo que não vai dar
pra comprar o necessário,
sofre com baixo salário,
fica qual um indigente,
não encontra um só vivente
que lhe oferte garantia.
O muito é da minoria
e pouco é de muita gente.
Na repartição da renda,
o pobre ganha a menor
fatia que o pior
nem dá pra sua merenda,
às vezes não tem vivenda
aí sofre descontente
com seu destino inclemente
sem ter direito à fatia.
O muito é da minoria
e pouco é de muita gente.
Se houvesse uma medida
pra reduzir a metade
da grande disparidade,
dessa pobreza sofrida;
com qualidade de vida,
merecedora e decente,
digna e conveniente,
para ter mais alegria.
O muito é da minoria
e pouco é de muita gente.
Quem tem muito poderia
fazer uma doação,
ajudando a seu irmão,
que precisa de energia,
com o pão de cada dia
para que se alimente,
que lhe deixe fortemente,
saindo da agonia.
O muito é da minoria
e pouco é de muita gente.
O governo deveria
elaborar um projeto
pra atendimento direto
ao homem da sertania,
também da periferia
que sofre drasticamente
por falta de expediente,
que atenda a maioria.
O muito é da minoria
e pouco é de muita gente.
O trabalhador da roça
precisa ter condição,
pra fazer a plantação,
sem sair da sua choça;
é necessário quem possa
oferecer a semente,
apoiando firmemente
pra colheita ser sadia.
O muito é da minoria
e pouco é de muita gente.
No período de estiagem
todo homem do sertão
precisa de irrigação
de poço, açude e barragem,
pra melhorar a paisagem
e o povo ficar contente,
sem sair do ambiente,
vivendo com a freguesia.
O muito é da minoria
e pouco é de muita gente.
A riqueza é um contraste
da pobreza sofredora,
só uma ação duradoura
que não sofresse desgaste,
e é preciso que afaste
o mal que freqüentemente
vem massacrando o vivente
por falta de melhoria.
O muito é da minoria
e pouco é de muita gente.