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Cordel-->BALADA DE UM FAVELADA -- 27/04/2003 - 18:23 (medeiros braga) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Eu era um bom camponês,
Tinha amor à agricultura.
Quando estava no roçado
Sentia, sim, paz, ternura.
Eu via com admiração
A planta verde do chão
Nascendo duma semente!
Naquelas horas de calma
Era como se minha alma
Se firmasse, eternamente!

Por amor à natureza
Tudo me emocionava!...
Era a paisagem, a beleza,
Que da mata se estampava.
Do fértil chão de pauis
Aos céus mais belos, azuis,
A natureza se abria!...
Qualquer ação me tocava...
Até o mugido da vaca
Que no curral dava cria!

Era o aboio do vaqueiro,
O relinchar do cavalo,
Era o berro do carneiro,
O canto rijo do galo!
Eram as garças que ruflando
As asas, passavam em bando
No seu rito costumeiro!...
Era o cantar magistral
Do graúna, do pica-pau,
Do canário e do ferreiro!

Pode haver coisa mais bela
Que o amanhecer do sertão?...
Os raios luzindo a umbela
Que põe fim à escuridão?...
Que o galo que cacareja?...
Que o cachorro que fareja
As raposas e os guarás
Que sobre o mato, lajedo,
Batendo em fuga com medo
Sentem o risco logo atrás?

Após o inverno que vinha
Havia tudo em fartura,
Tinha o feijão, a farinha,
Milho, arroz e rapadura.
E como a mesa era farta...
Tinha o inhame, a batata,
A macaxeira, a galinha...
Tinha o peixe, a caça, o ovo
E o sabor sempre novo
Da fruta doce, fresquinha!

E como era boa e animada
As festas de padroeiro!...
As festas de Santo Antônio,
O santo casamenteiro.
Vinha gente de toda parte.
De Santana, Bacamarte,
Mombaça, Exu, Piedade.
Ficava ali pela praça
Dando o ar da sua graça,
Matando a dor da saudade!

Eu era o que se pode dizer:
Verdadeiro cidadão!...
A minha terra era pouca
Mas dava sossego e pão!
Dormia bem, asseguro!...
Respirava o ar mais puro
Dos area da redondeza!
A noite a brisa da roça
Perfumava a minha choça
Com o cheiro da natureza!

Hoje, na minha descrença,
Na favela que descerra,
É que sinto a diferença
Do meu pedaço de terra!
Minha noite é mal dormida,
Já não tenho ânimo na vida,
Meu mundo se transformou!
Tenho por casa um barraco
Onde o terraço é um buraco
E a lama podre é a flor!

Ao olhar os meus filhinhos
Sem saúde, desnutridos,
Eu caio em choros baixinhos
Pra não serem percebidos.
As vezes penso em voltar
À minha terra, ao meu lar,
Mas um impasse me persegue.
É que vivo numa prisão
Como pássaro num alçapão
Que quer voar, não consegue!

Companheiros, agricultores,
Que nos seus sítios estão,
Nunca sejam desertores
Do seu pedaço de chão!
Que jamais isso aconteça,
Que passe pela cabeça
Esse pensar sem juízo,
Porque, a bem da verdade,
Se comparado à cidade,
É o campo um paraíso!

Vocês têm é que se unir
E lutar pra melhorar,
Nunca pensem em sair,
Jamais distruir seu lar.
Lutar, pois, é a solução!
Só com a força da união
As coisas podem mudar...
E quando forem à cidade
Que sintam a felicidade
Na alegria de voltar!!!
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