Ora tenho, ora não tenho, A chave para entrar... Só depende do tamanho, Da hora e do lugar...
Às vezes tenho o silêncio E faço dele uma chave Para entrar pelo gesto Onde a palavra não cabe.
Digo amor... Nunca se sabe Se estou a ser entendido E dou dez voltas à chave Para abrir-lhe o sentido.
Mas a porta não se abre E na janela diviso A sombra da invejidade A espreitar o juízo.
Digo amor... E sou conciso A exprimir o sentimento Mas... Para abrir o paraíso É preciso muito tempo;
Quem o abre num momento Nem sequer presume ou sabe Que o amor, esse avarento, Não tem porta e não tem chave!

Torre da Guia
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