Os poetas da Usina
Me divertem bastante
Co a poesia fina
Do desafio constante
Das pessoas que se gostam
Mas brincam de desafiar.
No fundo todos se amam
Mas como na grande família
O filho briga co a filha
Só pára se o pai mandar.
Aqui também se é sério,
Como agora vou provar.
CANTO II
O grande povo brasileiro
Tem estórias prá contar
Estórias de muitas lendas
Lendas de todo lugar
Tem lutas e tem contendas,
Batalhas e rebeliões,
Tem lenda de cangaceiro
Com muitas variações
Tem jangadeiro no mar,
Deixando a mulher na terra
Para nunca mais voltar
Tem a historia de Anita
Uma heroina sem par
Que saiu da sua terra
E veio ao Brasil lutar
Tem Antonio Conselheiro
Que foi chacinado na guerra
Chico Mendes, seringueiro,
Inimigo dos fazendeiros
Que o mandaram matar.
Tem figura pitoresca
Que agora passo a narrar
CANTO III
A ALEMOA
Nas ilhas de Pernambuco,
No arquipélago bonito,
Mora uma bela ALEMOA,
Uma loira linda e nua,
Que na Holanda nasceu,
Mas veio morar na Ilha
Com Maurício de Nassau.
Nas sextas-feiras vem nua
Buscar ilhéus e soldados
Leva-os pro alto do morro
E os faz da vida dar cabo.
O CURUPIRA
Anãozinho esquisito
Este tal de CURUPIRA
O calcanhar é pra frente
E os dedos são pra traz
Tem a cabeça vermelha,
E protege os animais,
Quando ele anda pra frente
E os caçadores vão atraz,
Ficam todos perdidos
E da floresta não saem mais.
BOTO TUCUXI
Nas bandas do grande rio
Não existe filho sem pai
Se a moça é mãe solteira
Todos sabem com certeza
Que o BOTO no igarapé
Com cara de moço bonito
Enganou aquela mulher.
Levou-a pra beira do mato
Para um lugar ignoto
E depois do serviço pronto
Transformou-se de novo em BOTO.
CUCA
Prima do Saci Pererê
Essa bruxa velha e feia
Que gente adulta não vê
Tem origem européia
Aterroriza as crianças
Que não ouvem seus pais,
Se o pequeno não dorme,
Na hora certa à noite
Lá vem ela ameaçar,
É melhor pregar o olho
Pra não vê-la nunca mais
MULA-SEM-CABEÇA
Triste sina tem na vida
Mulher que fornica com Padre,
A vingança vem de Deus,
Não se pode escapar.
O padre é excomungado,
E ela vira um cão-danado,
Nas noites de sexta-feira
Vira MULA-SEM-CABEÇA,
Solta fogo pelas ventas
Sai correndo a galope
Pra todo mundo assustar,
CANTO IV
DESPEDIDA
Tem tanta figura esquisita
Que eu quero lhes mostrar,
Que o tempo não dá conta
Pois tenho que trabalhar,
Vou falar da bela IARA,
Do CAIPORA e BOITATÁ,
Mas tem que ser outro dia
Porque agora não dá,
Tem também COBRA-NORATO,
LOBISOMEM e CAPELOBO,
Todos mitos do folclore
Deste Brasil fabuloso
Obrigado meus amigos
De até aqui me aturar,
Se quizer depois eu conto
Outras lendas brasileiras,
Da PORCA-DOS-SETE-LEITÕES
Até MATINTAPEREIRA,
CAPETINHA-DA_GARRAFA,
NEGRINHO DO PASTOREIO,
Escravo de muita raça,
Que cavalga no pampeiro
Obrigado meus amigos
E colegas Usineiros.