Neste teu cordel certeiro
Com dez linhas aprumadas
Com meus sete te respondo
Sem nenhuma linha quebrada
Agradecendo ao irmão
Que por ter bom coração
De mim não esqueceu nada.
Eu trabalhava no campo
Na quintura do nordeste
Com os pés cheios de bolhas
Machucando o cabra da peste
Assisti o funeral
Do finado Lourival
Aqui no sertão do agreste.
De tanto quente era o sol
Que deu praga no cafezal
Por causa do agrotóxico
Deu-se a morte de Lourival
Que cheirou esse veneno
Esse cabra bom e sereno
Acabou passando mal.
As terras do meu sertão
Era virgem como tal
Nunca ninguém viu aqui
Defunto num funeral
Foi então que apareceu
E o sertão conheceu
Esse veneno mortal.
Mas depois desse desfecho
Veio lá da capital
Um mancebo valente
De nome de Juvenal
Querendo até conquistar
Falando até de casar
Com a viúva de Lourival.
E o defunto ainda fresco
Captou a conversa do tal
Que não esperou feder
O corpo de Lourival
Levantou do seu caixão
E os dois mortos no chão
Deu-se o caso por final.
