A urgência do meu mundo não cabe 
Dentro duma mensagem telegráfica 
Hoje já não se usa esferográfica 
Escrever à mão já não mais se sabe 
Antes que tudo por aqui se acabe 
Grande poeta há tempo já dizia 
Uma urgência maior logo viria 
Já sumiram CD, vídeo cassete 
O planeta movido à internet 
É escravo da tecnologia 
  
Não existe antena pra tv 
Hoje toda ela já é a cabo 
Bem mais rápido mesmo que o diabo 
Por mensagens a pessoa já se vê 
E não pode mais nem se esconder 
Mas justiça aqui é só letargia 
Pra bandido ter grande alegria 
Celebrar com bebida e confete 
O planeta movido à internet 
É escravo da tecnologia 
  
Bombril já não ajusta mais antena 
Não precisa nem mais de parabólica 
Energia nuclear sai, vem eólica 
Num segundo pode-se ir a Atenas 
Virtualmente se vê até novena 
O batismo não é mais numa pia 
Professora virou agora tia 
Em um copo não se amola gilete 
O planeta movido à internet 
É escravo da tecnologia 
  
As notícias não são mais no Pasquim 
Hoje se usa Whastaap ou Facebook 
Livros são virtuais os tais E-book 
Não existe mais grandes folhetins 
AR15 substitui os espadachins  
Celular liga e faz fotografia 
Não existe nem mais tipografias 
As mulheres não usam mais corpete 
O planeta movido à internet 
É escravo da tecnologia 
  
Acabaram com as telefonistas 
Até com o serviço de PBX 
Não há mais também o PABX 
Pagamento que antes era à vista 
PIX entrou para nossa lista 
Ir à lua não é mais uma heresia 
Faz-se on line hoje academia 
De proveta bebê não é enquete 
O planeta movido à internet 
É escravo da tecnologia 
  
MOTE: OS NONATOS 
GLOSA: HENRIQUE CÉSAR PINHEIRO 
JANEIRO/2021 
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