| 
 
	BRASIL EM CORDELSilva Filho
 
 
 
 
 
 Meus prezados companheiros
 Menestréis de bom quilate
 Seja bardo ou seja vate
 Trovador ou violeiro;
 Neste Cordel domingueiro
 Do verso faço canção
 Quando falo a cada irmão
 No Brasil azul-celeste:
 Quem quiser passar por Mestre
 Que se entregue à volição.
 
 Minha rima é meu acorde
 Grande orquestra afinada
 Quando alterno pra balada
 Mais o verso fica forte;
 O meu estro - é meu norte
 À procura dum rincão
 Pra fazer prospecção
 Dos fundamentos rupestres:
 Quem quiser passar por Mestre
 Que se entregue à volição.
 
 Quando estou desanimado
 Leio Cordel dum amigo
 E assim abro um postigo
 Diante dum imenso tablado;
 Logo me sinto inspirado
 Pra qualquer composição
 Vou buscar imaginação
 Para mais de um trimestre:
 Quem quiser passar por Mestre
 Que se entregue à volição.
 
 Vem Cordel de toda parte
 Do Brasil, dos quatro cantos
 Do Pará, do Espírito Santo
 Todo Estado quer a arte;
 Até mesmo como encarte
 Tem Cordel no Maranhão
 Tocantins e região,
 Por onde passa um pedestre:
 Quem quiser passar por Mestre
 Que se entregue à volição.
 
 Há uma voz lá em São Paulo
 Com sotaque cearense
 Por que não, piauiense
 Também cantando de galo;
 Baiano vem no embalo
 Pernambuco e seu Sertão
 Qualquer vila quer refrão
 Compondo um verso que preste:
 Quem quiser passar por Mestre
 Que se entregue à volição.
 
 Digo, então, que a Paraíba
 No Cordel tem qualidade
 Alcançou maturidade
 Que reflete em Curitiba;
 E com tanta gente amiga
 Não tenho desculpa não
 Pra deixar meu coração
 Sem essa rima do agreste:
 Quem quiser passar por Mestre
 Que se entregue à volição.
 
 Campo Grande, nas guaíbas
 Em Brasília e Fortaleza
 O verso mostra beleza
 Espalhada pelas ribas.
 Ao plantar a manaíba
 Onde chama seu torrão
 O caboclo planta o pão
 Mas com verso ele se veste:
 Quem quiser passar por Mestre
 Que se entregue à volição.
 
 
 /aasf/.
 
 
 MOTE E GLOSA: Silva Filho
 
 
 
 |