Lá se foi o trem de ferro
Para longe do meu sertão
Com sua cantiga tristonha
Café com pão bolacha não!
Cortando linhas afora
Levando todos pra ir embora
Os passageiros da estação.
Depois de muitos anos
Que deixei a minha cidade
Lembro como se fosse hoje
Meus onze anos de idade
Café com pão bolacha não!
É o som da recordação
Dos tempos da mocidade.
Na frente o horizonte
É lá que mora o destino
O grande desconhecido
Praquele triste menino
E o som do café com pão
Ecoa por todo o sertão
Agora com o sol a pino.
Terceira classe a noite
A cama é o banco do trem
Olhando a lua da janela
Vê as estrelas mais além
Com os vagões a balançar
O sono não vai chegar
Com aquele vai e vem.
E a Maria Fumaça canta
Café com pão bolacha não!
Naquele tom repetitivo
Que canta o mesmo refrão
Ao longe ao perder de vista
Ele vê com sua vista
A chegada de outra estação.
Lá vem o fiscal do trem
Fazer a perfuração
Que grita, eu quero todos!
Com seus bilhetes na mão
Enquanto a mesma cantiga
Já não da muita fadiga
Café com pão bolacha não!
Fim da linha para muitos
Chegou mais uma estação
Fim da linha para o menino
Que pisa seus pés no chão
O trem segue seu destino
Mas da adeus ao menino
No som do café com pão!
Da estação da capital
Olha bem longe então
Ainda vê aquele trem
Naquele mesmo refrão
Que ao horizonte perfurar
Deixa o último adeus escapar
Café com pão bolacha não!