Usina de Letras
Usina de Letras
35 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 


Artigos ( 63156 )
Cartas ( 21349)
Contos (13300)
Cordel (10357)
Crônicas (22578)
Discursos (3248)
Ensaios - (10656)
Erótico (13589)
Frases (51642)
Humor (20169)
Infantil (5587)
Infanto Juvenil (4930)
Letras de Música (5465)
Peça de Teatro (1387)
Poesias (141277)
Redação (3357)
Roteiro de Filme ou Novela (1065)
Teses / Monologos (2442)
Textos Jurídicos (1966)
Textos Religiosos/Sermões (6347)

 

LEGENDAS
( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )
( ! )- Texto com Comentários

 

Nossa Proposta
Nota Legal
Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cordel-->A CRUZ DO JUMENTO -- 05/04/2008 - 22:19 (Benedito Generoso da Costa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A CRUZ DO JUMENTO

Três moleques da cidade
Foram ao campo um dia,
Avistaram lá um asno
E gritaram de alegria:
“Vamos comprar esse burro,
Antes que ele dê um urro
E morra de letargia".

Disse o dono que vendia
O seu jegue companheiro,
Mas como estava velho
Valia pouco dinheiro:
- Eu o dou por cem reais,
Por ele não peço mais,
Pois não sou interesseiro.

Eles foram ver primeiro
O burrico bem de perto,
Em pé e ali cochilando
Naquele pasto deserto,
Solto e já sem o arreio,
Livre pra sempre do freio
E do amo mau e esperto.

Fizeram logo o acerto
E aquele burro magro
Foi comprado e vendido
À beira dum belo lago,
Só na lábia e no fiado,
Para ser dali levado
Apenas depois de pago.

Dias depois, muito gago,
Ou seja, já gaguejando,
Disse o cabra aos meninos:
- O negócio foi nefando,
Ontem, quando anoiteceu,
Meu velho burro morreu
E por ele estou chorando.

Vocês o estão comprando,
Mas não posso entregar
Aquele jumento morto,
Pois só me resta enterrar
O meu finado burrico,
À sombra dum pé de angico
No meio do meu pomar.

Disseram: - Vamos pagar
Por ele o combinado,
Ou seja, os cem reais,
Porque o havemos rifado;
Mil reais arrecadamos
Pelo burro que compramos
E o negócio está fechado.

Disse o caboclo avexado:
- Como é que vão entregar
Ao sortudo dessa rifa,
Que levou o grande azar
De ter da sorte o conforto,
Ganhando um burro morto
Que não pode mais urrar?

Um deles, após pagar,
Foi dizendo satisfeito:
- Nós fizemos um negócio
Legalmente e perfeito;
Ao ganhador devolvemos
O que dele recebemos,
E nada vai ser desfeito.

Conforme a lei e o direito,
O restante nos pertence
Pois o mundo é dos vivos
E só quem é vivo vence;
Seja o jegue enterrado,
Já que viveu emburrado,
Alheio ao mundo forense.

O leitor que me dispense,
Não quero ser condenado
Pelo fato de escrever
Em mal humor humorado;
Nem o burro está ileso,
Suportou de Cristo o peso
Para no fim ser rifado.

Não foi ele injustiçado
De tudo quanto eu supus,
Já que o pobre jumento
Carrega o sinal da cruz
Nas costas e bem traçado,
Porquanto ali foi mijado
Pelo menino Jesus.

BENEDITO GENEROSO DA COSTA
benegcosta@yahoo.com.br
DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui