Logo que o Sr. Antunes foi embora, Dona Hortência disse para Sérgio:
_Sérgio, eu quero conversar com você!
_Se for sobre esse enlace, eu acho que nós não temos mais nada para conversar, respondeu Sérgio já se dirigindo ao seu quarto.
_Temos sim senhor, respondeu Dona Hortência, como é que amanhã você vai encarar seu patrão?
_Do mesmo modo de sempre!
_Para você é tudo muito fácil, meu rapaz. Mais dias ou menos dias acabarás arrumando um rabo de saia, se casa, e deixará aqui na miséria eu e tua irmã. Seu egoísmo é realmente desencantador. O quê seria de Clarinha se ele não se casasse agora meu espertíssimo? Responda-me! O quê tanto te incomoda no Sr. Antunes?
_Nada me incomoda mais de como é que as coisas estão acontecendo. O Sr. Antunes tem idade para ser pai de Clarinha. Não se esqueça que pelo que eu saiba, ele e meu sumido pai foram amigos. Talvez ele até saiba onde ele está...
_Sérgio, vai para o seu quarto; cansei de ouvir sua voz por hoje!
Sérgio foi para seu quarto. De madrugada, no meio do silêncio que habita a escuridão, ele foi até o quarto de Clarinha. Chegou à porta e sussurou:
_Clarinha, abre, sou eu, Sérgio.
_Não quero brincar hoje. Estou de mal. Você foi ruim com o homem que cheira lavanda.
Antunes realmente cheirava bem. Talvez até fosse um bom marido para Clarinha. Sérgio voltou para o seu quarto e adormeceu demoradamente.