O padre agora dizia suas últimas palavras pela alma do defunto:
_Que Deus acolha sua alma no reino do céu, mesmo que tenha sido pobre de espírito, pois só Ele pode julgar, e que reserve a ti um lugar no seio celestial.
Os presentes preparavam-se para ir embora quando de repente, o doutor Leopoldo, patrão do falecido Silverinha, pediu a palavra:
_Não poderia deixar esse meu quase irmão ir-se para sempre, sem dar o meu testemunho da honra e bom caráter desse homem que hoje infelizmente nós nos despedimos. Eu e minha firma vamos sentir como nunca a falta desse empregado exemplar, que por exemplo, não deixou de ir trabalhar nem quando nasciam seus filhos, nem quando a tuberculose já lhe comia os pulmões. Esse exemplo de der humano nunca deixou de colocar o trabalho na frente de tudo; família, amigos, diversão. Nada, nada fe-lô diminuir a importância que ele dava ao serviço. O mundo resente-se de pessoas assim. Ninguém que eu conheça , ou que ainda venha a conhecer, poderá substituir ao Silverinha.
Quando acabou de falar, o doutor Leopoldo olhou em volta. Estava completamente sozinho. O enterro havia se tranformado num cortejo unitário.
_Minha parte eu fiz, murmurou sem olhar para os lados.
E jogou a última pá de terra sobre o falecido. |