De tão tristes e solitárias as minhas tardes são,
quentes onde crianças brincam no quintal, onde os cachorros correm atrás dos gatos, onde mulheres gritam por seus filhos na rua, e que Deus os abençoe quando crescerem.
Nesta balança velha e enferrujada em um rítmo lento desliso meu corpo, jovem, viril, e entre paisagens e árvores sinto a brisa daquela manhã de domingo. Uma manhã típica, quando as nuvem ficam estagnadas no céu e o sol penetra por entre os póros causando um efeito abrasador.
Passo minhas mãos gelidas pelo rosto e sinto o poder do sol, seu toque quente, mas há um contraste entre aquelas tardes de verão e a lembrança solitária do inverno. Como se fosse o instante em que sinto seus beijos...
Quente, suave, que me envolve por completo e logo depois foge e temos que ir p ra casa.
A balança vai e volta, e mais um carro passou pela rua vazia onde moro. As crianças não estão mais brincando, os cachorros não estão mais correndo, o vizinho não está mais lavando o carro, e eu não estou mais na balança. Estou em outra rua, outra cidade, outra casa com móveis antigos esperando meus netos chegarem para o almoço do dessa tarde de domingo.
