Tudo que lembrava da vida era a dor da diária labutagem. Nem sol, nem mar, nem doce ou salgado, tudo era o mesmo amargor dos dias passados em lugares fechados e cigarros e mais cigarros. Óculos sempre na cara, relógio no pulso e o tempo - como voava, meu Deus ! Corria e corria e corria e nunca chegava cedo, por mais que se pedisse ou ameaçasse. Um dia parou. Olhou para o céu e viu que ia chover. Disse então suavemente: - Como era bom se eu pudesse me desfazer assim...
Foi seu último desejo. Desfez-se da vida como de um terno velho.
Nunca descobri direito quem ele era, nem porque corria, mas sinto saudades do seu cheiro de cigarro e da sua pressa que virava a casa de pernas pro ar...