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Contos-->Os galhos da amendoeira -- 12/08/2002 - 12:49 (Marco Antonio Athayde de Britto Cunha) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos



Contemplo mais um entardecer.
O sol aquece minha alma enquanto seu corpo celeste esfria tingindo-se de cobre ao aproximar-se do horizonte.
Acompanho sua trajetória insignificantemente tortuosa e observo o céu trocar suas cores qual moça nova, e enamorada, à procura de vestes capazes de aprisionar seu amado que teima em ir-se. O azul pinta-se de lilás, amadurece usando o violeta e acoberta-se no vestido negro da noite que já se faz anunciar.
Estou morrendo. Sei que estou morrendo. E sem a esperança de, amanhã, estar renascendo, com todas as suas cores, como este dia que vejo findar.
Não tenho mais medo da morte. Mas rezo para que venha buscar-me em final de tarde, num dia claro, de sol ameno e leve farfalhar da brisa suave nos galhos da amendoeira debruçando-se sobre o mar.
Peço que, com paciência, envolva-me em seus braços e permita-me ouvir os últimos pios de agradecimento dos pássaros aninhando-se para dormitar. Não espero chorar. Não por outro motivo senão o de não embaciar a vista que, por certo, estará distante. Talvez na popa do derradeiro cargueiro a largar-se do porto.
Quando a Foice separar-me do meu corpo, e meu espírito pairar sobre minhas vestes carnais, quero estar lúcido o suficiente para ouvir de forma clara o reclame da moça ao menino dizendo: - Não abuses, não vês que ele dorme?
E da boca formosa da garota que passa terei a certeza de ter chegado o meu momento. Saberei assim que inexorável é o retorno à Pátria que um dia deixei.
Não quero choro, e tampouco quero velas. Não quero estar mais presente no momento de voltar ao pó. Se não sabes... não saberei como dizer a todos meus amados que livre estarei, a partir deste momento, de todo o peso que carreguei , por toda minha vida, em não saber traduzir o amor imenso com que fui agraciado por cada um deles.
Quando enfim a Morte me adotar quero estar pronto o suficiente para não olhar para trás nem mesmo com o soluço daquela que duvidei, um dia, de me amar.....


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