Coço-me deambulante até o caroço até o começo até o viço e o vício e o início de mim mesmo. Coço-me a esmo. Coço-me e cismo. Coço-me e filosofo e abraço-me a Unidade em mim manifesta e em mim latente. Coço-me unidade lactante-lactente. Coço-me anterior ao próprio texto que me tece e estabelece. E estabiliza-me se me atesto enquanto texto ainda não tecido, enquanto ventre que a mim mesmo gera. E gira em rodopio aquém e além de todo o sempre. Coço-me até extrair da umidade que me extraio a unidade em que me espraio. E enquanto as teclas se sucedem em ordem não sabida, suspeito-me mais perto de mim mesmo, mais aquém-e-além do meu suposto único texto em tantos fragtextos desdobrados. Desde o brado do nascer-me nesta vida de além-pele – a fina pele da minha tessitura fina – suspeito que me rompe o peito a fina pele da verdade. E isto às três da madrugada insone. Sinto-me desperto como se o sono tocasse em meu crânio o trombone estridente da mais absoluta revelação: estou vivo e, além do texto que o atesta, coço-me, logo, existo. Logo, resisto!
Deambulo e perambulo e bulo no meu centro se em mim mesmo me concentro. Movo-me sorrateiro atrás do texto soterrado na camada do meu ser que mal suspeito. Quantas perguntas jazem nos meus meandros e aguardam o jorro arrojado das erupções da minha pele-texto? Quantas perguntas começarão com quantas e quantas, com por quê? Quantas perguntas virão juntas, siamesas, se há meses assim estão à espera da hora do seu parto? Afinal, em quantas perguntas me parto? Em quantas fico? Então, parto em perene peregrinação à Compostela do meu descaminho. Sem a menor compostura. Tanto quanto possível, sem impostura e sem fratura, mas caminho na rota interna de Santiago, em busca da inteireza.
Se me coço tão frenético e sem freio, mais me fragmento. Maior ruptura instauro. Mas, paradoxal como qualquer verdade, mais próximo acampo do sítio interno da Unidade. Essa espécie inatingível de meta e de metáfora que me subjaz e me entretece. E enquanto me entretece me entristece, pois que a metáfora que me constitui me lança fora. Isto porque metáforas jamais dão uma dentro no seu jeito inarredável de metá-foras. Um dia, num desses textos arrancados da pele fosca da madrugada, ainda atingirei a meta: a metádentro – aquela que, integrante, fingida de oposta, mas complementar, restabelecerá, enfim, a perdida unidade metáfora-metádentro, simbolizada na unidade ausente lactante-lactente.