Como é mesmo que se chamava? Olívia,era assim que se chamava. Alta, magra e bonita. Muito bonita. A mais bonita. Ou não? Talvez.
Com certeza a mais cobiçada. Ou não?
Cabelos compridos. Negros. Olhos inquisitivos, desafiadores. E negros...
Olhar tão duro quanto doce. Melindrou-o.
Determinada. Tanto quanto sua ousadia permitia ousar.
Mandou recado. Não por que tivesse medo. Mas porquê era mulher, bonita e desejada. Por todos. Ou quase todos.Desafiou-o.
Marcou lugar, dia e hora. Na festa. Uma daquelas festas de sábado à noite.
Ela estaria lá. Todos estiveram lá. Ele não.
- Havia ido correr na praia.
Depois todos falaram. Alguns desafiaram. Outras desdenharam. Ela aporrinhou-se.
Passou o tempo. Ele esqueceu. Ela não. Não o esqueceu. O orgulho não o esqueceu.
Passam-se os dias. Correm-se as águas por sobre os cascos que ele remava.
Nova temporada, nova estadia, outra ocasião.
Ela, desejada, desejava. Ele indolente, não.
Vem nova festa, vem outro baile.
Ela dançava. E ele não.
No salão, enquanto ele passa e ela dança, seus olhos cruzam-se e desviam-se.
Ele pára e olha. Ela não...
- Então...Ele a tira para dançar.
E dançando eles se fundem. Seus perfumes os inebriam, e estão os dois, sós, a dançar.
Enquanto dançam se encantam e encantando-se eles se dão.
Com a dádiva vem o beijo, com o beijo o desejo,
com o desejo a saciedade.
Saciando-se largam-se as mãos.
A música, no seu último acorde, é memória viva
sem saudades de uma única noite de amor.
Única, enquanto tocar esta música.
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