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Contos-->Noite de sábado (cont. de Tarde de sábado) -- 29/05/2002 - 10:28 (Wesley Nogueira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Chegou em casa, vindo do shopping, jogou a chave na mesinha, como fazia sempre, acendeu a luz, apesar de ainda entrar a luz pela janela, soltou um pacote amarelo na mesa da sala de jantar. Tudo maquinal e rotineiro, só uma coisa era diferente, ele não pensava em outra coisa senão nela, a charmosa mulher da sua tarde.

Tirou a roupa rapidamente, jogou-a em cima de cama e só de cuecas procurou a bermuda, achando-a pendurada desajeitadamente no gancho atrás da porta do quarto.

Entrou no banheiro e conferiu a toalha pendurada meio amarrotada no toalheiro, fechando a porta, apesar de estar sozinho em casa, abriu o chuveiro e procurou o sabonete, a água fria o fez despertar dos pensamentos que o dominavam a tarde toda, abriu o armário e pegou o xampu. Ah, o xampu! lembrou, era para ter comprado outro hoje, aquele estava no fim e nem dava para usar agora! Jogou um pouco de água dentro do tubo na esperança de aumentar a eficácia de tão pouco volume.

Tomou um banho bem caprichado, o sabonete fazendo muita espuma nos pelos do corpo, jogou o resto do xampu na cabeça e esfregou bem, como se quisesse mais que lavar os cabelos, lavar também por dentro da cabeça. O fato de estar pensando em uma mulher casada que não sabia nem o nome o incomodava um pouco, tirou todo o sabão e se enxugou rapidamente, aliás, ele saiu ainda meio molhado, como sempre fazia, vestiu a bermuda sem nada mais por baixo e passou para a cozinha, esquecera que ia comer algo no shopping, aliás esquecera de muita coisa que ia fazer naquela tarde lá, abriu a geladeira e viu uma caixa de tampico já aberta e um pedaço de pizza gelado, herança do jantar do dia anterior.

Jogou a pizza no microondas e procurou um copo para colocar o suco. De repente um pensamento o assaltou: onde ela estaria agora? Onde estaria a dama misteriosa? Ela gostaria de Pizza? Provavelmente estaria em casa, fazendo o jantar do marido, e não seria pizza requentada regada a tampico.

A televisão, a primeira coisa a ser ligada quando ele entrava em casa estava lá, quietinha; ele resolveu colocar uma música, já vinha pensando em Djavan, Milton Nascimento e foi pegar os CDs, colocou na bandeja tripla, teve que tirar o Dire Straits e o Phill Collins para dar lugar aos nacionais. Mas ele queria ouvir a letra, e pensar nela. Enquanto mudava os CDs, o microondas apitou na cozinha, a pizza estava fumegante e borrachenta lá dentro, deitou na rede da sala com a pizza num guardanapo e a caneca cheia de suco. Esticou a mão e apertou o botão Random... Por coincidência cai na música Outono, e mais coincidente ainda, a letra batia com tudo que ele pensava dela, começou a cantar com o disco, a pizza esfriando na mão e o suco esquentando no chão. Não importava, ele nem fome tinha, ou não pensava nela .... um olhar, uma luz ou um par de pérolas... continuava a música ... sedução, frenesi, sinto você assim...

O toque fino do celular o despertou do transe, precisava lembrar de trocar aquele toque. Era a namorada, perguntando se ele estava ainda no shopping, ele respondeu que já estava em casa, ela alegremente sugeriu que se encontrassem no restaurante, onde ela estava indo com os colegas que também estavam no Seminário. Era tudo que ele não queria fazer, inventou que não se sentia bem, com dor de cabeça e cansado, debulhando um rosário de desculpas. A namorada ficou decepcionada do outro lado do telefone, disse que não podia mais deixar de ir, porque já estava no carro das amigas, a caminho. Disse que ficava meio contramão para ela voltar à noite do restaurante para casa dele, e que em vista disso ia aproveitar a carona de volta para a casa dela com as amigas, mais tarde. Ele surpreendeu-a com uma aprovação rápida e um boa-noite amistoso, ele não se importava com a perspectiva de passar a noite sozinho, mas reconheceu o tom de decepção dela no telefone ao despedir-se.

Voltou a sua atenção de novo para a pizza e o tampico, agora com certeza seu jantar do dia, e frio por sinal, a pizza parecia de borracha, mas ele novamente não ligava, só pensava nela, na bela da tarde, na dama da Livraria. Lembrava bem daquele rosto sorridente, confiante, já da filha dela, estava esquecendo, não lembrava do rosto, só dos cabelos loiros. Olhou para o pacote amarelo da livraria, riu de si mesmo no episódio da revista, reviveu todos os momentos de sua tarde. Nesse momento ele tomou uma decisão, iria procurá-la de novo, nem que fosse para ter só o prazer de vê-la mais uma vez. Não sabia como, mas achou que a livraria seria um bom ponto de partida.

Um vento frio passou pela janela, talvez anunciando uma chuva, o player agora toca Oceano, ele pensa nas opções da noite, um livro, um filme, nada interessava, ele desligou o som, deitou na cama, e ligou a TV, no canal HBO onde passava um filme interessante.

Começou a assistir, os olhos estranhamente teimavam em fechar, ele esperto apertou o timer da TV, uma hora, mas o sono veio antes, a TV desligou sem ele saber, a essa hora ele já sonhava. Sonhava com a dama da livraria, ela em seus braços, num beijo longo.
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