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Contos-->O "pegapacapá" do neoliberalismo -- 24/04/2002 - 18:15 (Felipe Cerquize) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Tudo começou há alguns meses. No princípio, foi a classe social de baixa renda (ou nenhuma) que, coagida pelos militantes do extremismo, passou a fazer saques na calada da noite a supermercados, em determinados pontos da cidade. Depois disso, a moda pegou e em todos os lugares os saques às casas comerciais passaram a ser uma rotina inevitável.
Então, propagou-se a loucura. Revoltados com a falta de proteção, os donos, gerentes e empregados das lojas começaram a saquear as favelas. Os favelados partiram para o roubo intensivo de transeuntes. Os transeuntes passaram a assaltar os bancos. Os banqueiros resolveram quintuplicar suas taxas de juros. Os devedores e os depositantes aderiram ao roubo de automóveis com o intuito de comercializá-los na fronteira do país. Os donos de automóveis passaram a saquear as indústrias automobilísticas, que começaram a incentivar todas as indústrias de todos os estados brasileiros a sonegar impostos para os governantes de seus respectivos estados. Os governadores exigiram recursos urgentes e inevitáveis ao governo federal e este negou, alegando compromissos imprescindíveis com os credores internacionais. Os líderes dos governos estaduais decidiram saquear o Banco Central, e o ministro do planejamento solicitou ajuda ao FMI, que solicitou ajuda aos Estados Unidos da América. Os EUA negaram favores e o presidente da República Federativa do Brasil decretou guerra àquela nação. Tropas brasileiras partiram por terra, água e ar rumo a Washington. O governo dos Estados Unidos alertou o governo brasileiro sobre a possibilidade de um busca-pé ferir um cidadão norte-americano e decidiu plantar “cogumelos” no território brasileiro. Com isto, a China interveio na questão, dizendo que, se aquilo acontecesse, haveria um confronto direto e irreversível entre os dois países. Houve troca de imprecações e muito bate-boca entre os governantes dessas duas nações, até que, por fim, ambas concluíram que não valia a pena o início de uma guerra de proporções mundiais por causa de um país da América do Sul. Decidiram, então, pelo “status quo”, com a China intrometendo-se indiretamente no caso Brasil-Estados Unidos, com os EUA prometendo um empréstimo jumbo ao Brasil, com as tropas brasileiras retornando por terra, água e ar, com o governo federal brasileiro emprestando dinheiro aos governantes estaduais, com os governantes estaduais dando proteção às indústrias automobilísticas etc. etc. etc. e com os militantes do extremismo deixando de induzir o pessoal carente para os saques aos supermercados da cidade.
No dia seguinte à tempestade, lia-se a seguinte manchete num jornal de grande circulação no país: “GOVERNO E POVO SE UNEM PARA CONSEGUIR MAIS UM EMPRÉSTIMO PARA O BRASIL”. Era o fim de mais um capítulo da hipocrisia neoliberal.
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