" São exatamente 10:15hs.da manhã.Eu já terminei minha missão,já a levei a seu devido lugar...
No corredor do hospital,enfermeiras andam depressa,cumprindo suas tarefas.No único banco deste mesmo corredor,a mãe a irmã dela,se encontram em prantos,soluçando muito.O pai dela,pressiona seus olhos,tentando inutilmente segurar suas lágrimas.Num gesto bonito de união,os três se abraçam,formando uma roda.
A indignação toma conta de seus corações,numa mistura de dor e ódio.Eu sofro ao vê-los tão tensos,mas eu sei que o tempo irá curá-los,pois são muito ligados à Deus.
Eu me senti recompensando quando ela fez um gesto de carinho:eu segurei sua mão,e enquanto ela soltava uma lágrima olhando para sua família,disse-me emocionada "Muito obrigada",e mandou-me um beijo,indo em direção à saída do hospital,já a caminho do portal entre os mundos espiritual e material,que ficava perto do céu.
Ela me deu muito trabalho.Porém,logo que recebi o comunicado de minha missão de prepará-la,confesso que fiquei aliviado ao saber de sua espiritualidade desenvolvida. Logo que desci à Terra,senti toda a atmosfera de dor que ocupava seu coração,e tratei de aliviá-la.Mas,mesmo com paz interior,ela recusava-se a ter uma aproximação maior.A oração já estava ficando longe de seus costumes,e o desânimo ao qual sentia,deixava-a capaz somente de dormir e comer.
Todas as vezes em que ela tinha vontade de chorar,eu fazia alguma coisa para distraí-la,chamando ou uma ventania para derrubar seus papéis que se encontravam espalhados pelo quarto,ou os colegas dela,para que entrassem em contato com ela naquele instante.Infelizmente,a pessoa sente inconscientemente que partirá,só que geralmente essa intuição é expressada através de muita angústia.
Enquanto ela descansava,eu aproveitava para ler seu diário.Sua personalidade forte lhe dava muitas preocupações inúteis,expostas naquelas folhas...Mas isso era o que a fazia ser tão especial.
O dia final:segurei sua mão o tempo inteiro,pois a dor da morte iria angustiá-la muito.Na volta de sua ida ao mercado,um carro sem direção termina seu destino...Ela então,na ambulância,conseguiu me ver.Conversamos muito,e ela me pediu perdão pelos seus erros,pediu que eu cuidasse de sua família.
Os médicos tentavam salvá-la,em vão.Eu até me senti recompensado com um gesto de carinho:eu segurei sua mão,e enquanto ela soltava uma lágrima olhando para sua família,me disse emocionada:"Muito obrigada anjo Samuel",e mandou-me um beijo,indo embora pela saída do hospital."
