Preciso alimentar meu cérebro. Primeiro um café depois um cigarro e outro café e outro cigarro. Só assim para fazê-lo pegar. Nenhum aditivo. Talvez uma neosaldina ou pó de guaraná.
Ligo o som e ouço palavras otimistas referentes a invasão, ou melhor, à guerra no Golfo. É fácil entender todo o sentimentalismo dos americanos quanto à guerra pelo ouro negro.
Mudo de estação e me surpreendo quando uma mulher declara que abortará porque não tem condições psicológicas para cuidar de seu filho.
Lá fora o Sol começa a martelar o concreto. O céu está azul o mundo cinza os sentimentos já não mais exixtem. Só há espaço para a sobrevivência, ou melhor, sub-existência.
Continuo olhando pela janela e reparo nas crianças pedintes com seus pais a tiracolo e me pergunto qual a razão da vida? Talvez a justiça seja cega mesmo.
Mudo de estação e a locutora duma rádio rock informa que mais um astro de rock suicidou-se com um tiro na cabeça para aumentar as vendas do novo disco.
Lá fora ainda está 38 graus e ouço um homem berrar até perder a voz dizendo que o fim está próximo e que devemos nos arrepender dos pecados.
Volto para a janela e noto que um homem bem vestido aproxima-se de um bando de meninas pré-adolescentes. De repente noto que ele ficou assustado.
Uma das meninas, com um revólver nas mãos não deve ter gostado do que ouviu e disparou 3 tiros bem no peito dele enquanto as outras meninas continuaram fumando seus cachimbos de uma outra ilusão.
A ficção choca-se com a realidade. Movida pela evolução de soft&hardwares o inconsciente materializa-se e domina e toma o poder da humanidade decadente.
Sempre em busca do poder quem dominará o dominado? Autocanibalismo virtual?