Entreolhava-se. Sua introspecção se irradiava. Nada pesava, nem a respeitável coluna de ar sobre si, sentia pressionando-a ao solo. Não havia peso, nem leveza, tampouco paradoxo. Simplesmente nada havia, além de compreensão. Uma compreensão ampla, límpida, de campo lavrado ao Sol. Entendia sombras ocultas, a face multívoca de cada um dos sentidos do duplo-sentido. Um entrelaçar de ex-segredos. Como se as cartas já chegassem abertas. Não sentia qualquer coisa: sentir é um verbo transitório. Situava-se na perenidade, e, porque na perenidade se situava, abstraia-se do mensurável. O tempo deixava de ser parâmetro, para ser inutilidade. Era uma existência espreguiçando-se em si mesma, reflexiva e imaterial.