Hoje o vazio que me preenche se encontrou com o meu pasado. Ao ver-te caminhando tão tranquilo ao lado do teu filho, lembro do filho que não tivemos. Dos momentos que não curtimos.
Sim. O passado me assombra. Bem mais o meu que o nosso.
Fui tão covarde.
E hoje a vida passa pelos meus dedos como a areia que escorrega na ampulheta. Areia inócua, vazia.
Lágrimas derramadas retornam aos olhos. Não choro porque te amei. Amei com o mais profundo do meu ser. Até a completa exaustão. Até nada mais restar para ninguém.
Pensei ter amado novamente num momento fugaz. Mas quando lembrei do teu
sorriso, da sua voz, do seu toque, vi que era uma pálida fuga de ti.
Doeu-me tanto te ver tão perto e ao mesmo tempo tão distante. Saber que nunca mais me chamará de tua Yemanjá. Que meus cabelos não mais encontrarão os pêlos escuros do teu peito. Que no silêncio a noite não mais me
procurará.
Ah, meu doce amor, por que fugi de ti?