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Contos-->Quinta estação (microconto) -- 21/02/2019 - 19:12 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Sozinha em casa, Ravenala dizia à rosa dos ventos: a vida não presta! Pessoas são árvores que vivem solitárias a mesmice do dormir e acordar. Ou não. A vida é uma tela pintada com estilo e arte, uma paisagem de gente de todas as raças, mulheres de todas as taças à procura de marido.  Ela nunca se apresentava como proprietária da Suport Informatic. Talvez por medida de segurança, pois, não sabia exatamente a intenção das pessoas que chegam ao  balcão da loja. Jovens buscam por Lan House nos fundos, de fachada, onde possam visitar sites pornográficos. De outra sorte, muitos fregueses retornam, sob o falso pretexto de fazer levantamento de preços e compram alguma coisa barata de que não necessitam, só  para ver aquela encantadora balconista dizer: 

“Volte sempre.”
 Seus lábios carnudos, contornados com batom mel-avermelhado, tinham curvatura semelhante a dois acentos circunflexos, um com o vértice para cima e o outro com vértice para baixo, ligeiramente abertos, prontos para jogar um beijo.
Na cidade grande, a monotonia é quebrada por uma multidão de gente que desce em cada estação. O metrô sai ainda cheio. Homens de short e camisa regata, outros de terno e gravata, pendurados nas barras do trem como roupas no varal. Ravenala  não pleiteava um herói de pancadaria em  teatro de mamulengos. De modo algum,  invocaria frei Gaspar de Santo Antônio, mas o próprio Santo Antônio casamenteiro de Pádua, para lhe conseguir um marido. E, por  não alimentar sonhos de princesa, queria um casamento simples. Pouca gente à mesa. Poucos convidados e uma banda tocando a Marcha  nupcial.  Queria casar-se na noite, na rua, no céu, no mar, na lua,  ainda que fosse com um vesgo ou um galo-de-campina... 
Ficava horas a fio na igreja ouvindo o sino: 
 
 Dim... dão...  Dim... dão.  Dindãodindãodindão.
 
 O coração  badala  igual sino. Bate o badalo, toca o sino, bate o coração-menino. E no soar do sino, o santo casamenteiro lhe promete um par para o coração. Embora movimentada, a cidade parecia triste como uma selva de concreto por onde  caminha  rebanho  de ovelhas sem pastor.  Gente de todas as raças, mulheres de todas as taças, miúdas e pequenas, trafegam ligeiro em muitas direções. Multidões de veículos  deslizam velozes no negro asfalto. Adiante, um assalto põe a vítima em histérica gritaria. Ninguém para. Só espia. Tudo passa apressado na janela da existência, e já não  se tem tempo sequer para um bom-dia ou como vai. A noite cai e guarda em sua sombra a  Pedra da Gávea. Ravenala esperava que antes da quinta estação Deus lhe desse um par para seu coração.
***
Adalberto Lima, trecho de "Estrada sem fim..."
Adalberto Lima
Enviado por Adalberto Lima em 21/02/2019
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